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ImprimirO ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, rebateu na noite desta sexta-feira (23) críticas direcionadas a ele pelo deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ) em entrevista publicada hoje pelo UOL.
Jungmann negou ter politizado o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) para justificar a intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro, como acusou o parlamentar.
"O sr. Freixo está equivocado. Não politizo nada, em nenhum momento. Muito menos uma tragédia dessas. [A] quem acusa, cabe o ônus da prova. Que ele apresente as frases que me atribui, onde e como", afirmou o ministro, ao UOL.
A reportagem entrou em contato com Freixo após a manifestação de Jungmann, mas o deputado estadual preferiu não comentar as declarações. A assessoria de imprensa de Freixo, no entanto, indicou qual seria a frase do ministro que teria motivado as críticas do deputado.
Em entrevista publicada pelo jornal "O Globo" no domingo (18), Jungmann levantou a possibilidade de o assassinato de Marielle ter sido planejado com o objetivo de abalar a intervenção federal na segurança do estado.
"Se, por hipótese, esse crime foi cometido para confrontar ou abalar a intervenção, isso vai mostrar que ela está no caminho certo, que está levando o crime a reagir", afirmou.
Para Freixo, a colação é "inaceitável, vergonhosa, criminosa". "Não dá para um ministro da segurança pública vir nos jornais do final de semana no Rio de Janeiro dizer que a morte da dela representa a necessidade da intervenção federal aqui", afirmou ao UOL.
O deputado estadual diz esperar um pedido de desculpas do ministro, tanto para ele e para a militância quanto para a família de Marielle. "Que a gente faça o debate da intervenção. Eu topo, mas não sobre o corpo da Marielle. A investigação não está concluída. Longe disso. Como é que ele fala isso?", questionou.
A reportagem voltou a procurar Jungmann, para ele comentar a frase dada ao jornal O Globo e apontada pela assessoria de Freixo. O ministro negou veementemente a associação.
"Essas declarações nada têm a ver com utilizar o cadáver da vereadora para justificar coisa alguma. Eu levantei a possibilidade de o assassinato ser contra a intervenção, só isso", disse Jungmann. "Não há nenhuma relação, lógica ou linguística, entre o que eu disse - ainda mais se tratando de uma hipótese - e o que ele [Freixo] afirmou".