O ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PSD) mandou arquivar um\n procedimento aberto para apurar denúncia de que o chefe da arrecadação de sua\n gestão enriqueceu de forma ilícita, afirma o próprio servidor em grampo obtido\n pela Folha. \n \n Kassab diz que as acusações do servidor são "mentirosas" e que\n repudia tentativas "sórdidas" de envolver o seu nome. \n \n O auditor Ronilson Bezerra Rodrigues ocupava o cargo de subsecretário da\n Receita da administração Kassab. \n \n Foi preso na semana passada sob a acusação de liderar um esquema de cobrança\n de propina de grandes incorporadoras em troca de redução de ISS, no período em\n que exerceu a função. \n \n Em 2012, Rodrigues era alvo de um expediente interno (uma investigação\n preliminar) aberto a partir de uma denúncia anônima para investigar o seu elevado\n patrimônio --que, agora, descobre-se, é incompatível com seus rendimentos. \n \n Na gravação, ele relata a outro fiscal como, em sua versão, o ex-prefeito\n decretou o fim da apuração. \n \n "Vou dizer o que o corregedor [Edilson Bonfim] fez comigo. Ele pegou a\n declaração de bens da prefeitura, com a evolução patrimonial, foi no\n Kassab", conta. \n \n Segundo ele, a conversa entre o corregedor e Kassab lhe foi relatada pelo\n chefe-de-gabinete do então prefeito. \n \n "Isso o João Francisco Aprá, chefe-de-gabinete do Kassab, me contando.\n Ele falou: "olha, a evolução é compatível, mas eu queria abrir a conta dele". E\n o Kassab: "não, não tem motivo". E falou: "então arquiva". Arquivou." \n \n Em setembro de 2012, Rodrigues chegou a ser ouvido, mas o procedimento não\n chegou a resultar na abertura de uma investigação formal. \n \n Kassab, em nota, alega que a apuração, mesmo preliminar, foi transferida\n para a administração Haddad. A gestão petista diz que o procedimento se\n "limitou a ouvir o investigado" e que "nenhum encaminhamento foi\n dado à época e o processo ficou parado". \n \n No áudio, Rodrigues conversa com o fiscal Luiz Alexandre Cardoso de\n Magalhães, conhecido como "Louco". Foi Magalhães quem gravou a\n conversa neste ano --ela foi anexada às investigações da máfia do ISS. \n \n "Louco" fez um acordo de delação premiada com o Ministério Público\n para ter sua pena reduzida. Ele contou aos promotores do caso que gravou os\n fiscais que atuavam com ele para se proteger. \n \n No fim da gestão Kassab, o o auditor acusado de liderar o esquema de fraudes\n foi alvo de outra investigação, esta arquivada após parecer do então secretário\n de Finanças Mauro Ricardo. Na gestão Haddad, ele ocupou até junho o cargo de\n diretor da SPTrans.\n \n \n