Sábado, 23 de Novembro de 2024
Política
01/11/2013 09:55:01
Máfia do asfalto: Contabilidade secreta de empreiteiro sugere pagamentos mensais a políticos
"Máfia do Asfalto". Parlamentares aparecem com assiduidade em documento apreendido pela Operação Fratelli, missão da Polícia Federal e do Ministério Público que desarticulou organização acusada de fraudar licitações em pelo menos 78 municípios paulistas

Estadão/PCS

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Planilha do empreiteiro Olívio Scamatti sugere pagamentos mensais da Máfia\n do Asfalto, entre 2011 e 2013, para deputados estaduais e federais, além de\n prefeitos. Trata-se de um segundo documento que cita políticos, 14 ao todo, ao\n lado de valores. \n \n Nessa quarta-feira, 30, o Estado revelou a existência de uma primeira\n planilha, com ao menos 9 políticos, apreendida com um contador ligado à\n organização. Os nomes se repetem nas duas listas. O Ministério Público vê\n "indicativo de pagamento de propinas".\n \n Nomes como os dos parlamentares Cândido Vaccarezza (PT), Geraldo Vinholi\n (PSDB), Jéfferson Campos (PSD), Otoniel Lima (PRB) e Itamar Borges (PMDB)\n aparecem com assiduidade no documento encartado aos autos da Operação Fratelli\n - missão integrada da Polícia Federal e do Ministério Público que desarticulou\n organização criminosa infiltrada em pelo menos 78 municípios da região noroeste\n do Estado de São Paulo para fraudar licitações com recursos de emendas de\n deputados federais e estaduais.\n \n Scamatti - preso há sete meses - é o controlador do Grupo Demop, que reúne\n empresas de construção, entre elas a Scamatti amp; Seller e a Scan Vias. Os\n promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco),\n Núcleo São José do Rio Preto, atribuem ao empreiteiro o papel de "chefe da\n quadrilha, grande articulador e mentor da absoluta maioria das fraudes".\n \n Para os promotores, Scamatti "convencia prefeitos dos mais variados\n municípios a direcionar as licitações no ramo de pavimentação e recapeamento\n asfáltico" - parte do dinheiro dessas obras saía de emendas parlamentares.\n \n A investigação começou em 2008. Para os promotores que derrubaram a Máfia do\n Asfalto - Evandro Ornelas Leal, João Santa Terra Junior, Paulo César Neuger\n Deligi e João Paulo Gabriel de Souza -, as planilhas com nomes e valores (ao\n lado, os que aparecem mais de uma vez) "são indicativo da possibilidade de\n pagamento de propinas".\n \n Os promotores não fazem acusação a nenhum parlamentar. Eles não puderam\n apurar a veracidade da lista porque não detêm competência para procedimento\n dessa natureza. Por isso, encaminharam cópia da contabilidade de Scamatti para\n duas esferas, a Procuradoria-Geral de Justiça e a Procuradoria-Geral da\n República, a quem cabe investigar autoridades com prerrogativa de foro, caso dos\n deputados e prefeitos.\n \n A sucessão de prováveis repasses a políticos coincidiu com uma etapa de\n prosperidade das empresas coligadas do empreiteiro - em 2011, a Scamatti amp;\n Seller teve faturamento bruto de R$ 16,44 milhões: em 2012, um salto para R$\n 99,36 milhões.\n \n A agenda de Scamatti estava guardada em um pen drive que a PF recolheu em\n sua residência, quando a operação foi desencadeada, em abril. O Setor\n Técnico-Científico do Ministério Público abriu o arquivo que pode reforçar\n suspeitas de laços entre o empreiteiro e os parlamentares.\n \n Mais citado. Uma citação frequente na contabilidade do alvo maior da\n Operação Fratelli aponta para o nome do deputado Vaccarezza e de uma\n ex-assessora dele, Denise Cavalcanti. Em 2011, os lançamentos se repetem 11\n vezes, apenas entre janeiro e maio. Em 2012, outras 4 menções ao petista. A\n soma global de valores foi a R$ 355 mil.\n \n Itamar Borges, deputado estadual pelo PMDB, teve seu nome anotado 9 vezes na\n agenda do empreiteiro em 2011, de fevereiro a dezembro - a maioria das parcelas\n de R$ 25 mil -, e outras duas vezes em setembro de 2012 - o montante lançado ao\n lado do nome do peemedebista chega a R$ 247 mil.\n \n Um único registro menciona Roquinho, como é conhecido o deputado estadual\n Roque Barbieri (PTB) - 19 de agosto de 2011, ao lado da quantia de R$ 20 mil.\n Foi Barbieri que denunciou, naquela época, a venda de emendas parlamentares no\n foro da Assembleia paulista. Segundo ele, entre 25% e 30% de seus pares no\n Palácio 9 de Julho vendem emendas.\n \n Os promotores selecionaram e anexaram à denúncia criminal entregue à Justiça\n um bloco de 11 interceptações telefônicas "reveladoras" que flagraram\n Scamatti "em contatos com agentes políticos ou assessores destes visando a\n influenciar a destinação de recursos para municípios específicos, em obras do\n ramo de atuação do grupo para posteriormente fraudar as licitações".\n \n O fluxo de caixa de Scamatti mostra que depósitos podem ter sido feitos em\n conta bancária. A maior parte dos repasses é vinculada a um personagem\n enigmático do esquema, Osvaldo Ferreira Filho, o Osvaldin, apontado como\n lobista e elo da organização com o poder público. Osvaldin foi assessor na\n Assembleia e na Câmara do deputado Edson Aparecido (PSDB), hoje secretário\n chefe da Casa Civil do governo Geraldo Alckmin (PSDB).\n \n \n
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