Sábado, 23 de Novembro de 2024
Política
22/07/2015 06:42:00
Moro: anotações de Odebrecht são 'perturbadoras'
Juiz responsável pela Lava Jato dá prazo de dois dias para advogados da empreiteira esclarecerem mensagens encontradas em celular

Veja/PCS

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Marcelo Odebrecht da construtora Odebrecht (Foto: Cassiano Rosário/Futura Press/Folhapress)

O juiz Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, classificou como "perturbador" trecho das anotações cifradas encontradas pela Polícia Federal no telefone de Marcelo Odebrecht.

Por causa da "gravidade" dos apontamentos, Moro deu prazo de 48 horas para que os advogados do empreiteiro e também dos diretores Márcio Faria e Rogério Araújo prestem esclarecimentos sobre as mensagens.

"O trecho mais perturbador é a referência à utilização de 'dissidentes PF' junto com o trecho 'trabalhar para parar/anular' a investigação. Sem embargo do direito da defesa de questionar juridicamente a investigação ou a persecução penal, a menção a 'dissidentes PF' coloca uma sombra sobre o significado da anotação. Outras referências como a 'dossiê', 'blindar Tau' e 'expor grandes' são igualmente preocupantes", disse.

No despacho, Moro afirma que não há indícios de que as mensagens eram destinadas aos seus defensores e que, por isso, os advogados não podem questionar a violação de sigilo legal. "Não é crível ademais que ele orientasse seus advogados ou recebesse orientação de seus advogados nesse sentido. De todo modo, ainda que assim não fosse, o sigilo profissional também não acobertaria o emprego de estratagemas de defesa ilícitos, por exemplo a destruição de provas."

Relatório da Polícia Federal com base em mensagens extraídas do celular de Marcelo Bahia Odebrecht revelam o amplo leque de políticos com os quais ele tinha contato e seu esforço para utilizar siglas e mensagens codificadas para registrar ações.

De acordo com o documento, Odebrecht lançou mão de uma estratégia de confrontar as investigações da Lava Jato que contaria com "policiais federais dissidentes", dupla postura perante a opinião pública, apoio estratégico de integrantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e ataques às apurações internas da Petrobras. A PF avalia que o objetivo do empreiteiro buscava criar "obstáculos" e "cortinas de fumaça" contra a operação.

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