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Política
17/10/2014 06:19:00
Morre em Campo Grande um dos fundadores do PT
Ele fazia tratamento contra a doença e estava internado num hospital havia 15 dias.

Edição de Notícias/PCS

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Beto Curvo com o filho, pastor Milton e o neto Pedrinho (Foto: Arquivo da família)

Após intensa luta contra um câncer, o advogado Berto Luiz Curvo morreu na noite desta quinta-feira, 16, em Campo Grande. Ele fazia tratamento contra a doença e estava internado num hospital havia 15 dias.

Deixou um filho, o também advogado e pastor pentecostal Mílton Marques, líder da Igreja Ministério pentecostal Tabernáculo da Glória (MPTG), de quem foi o principal sustentáculo na obra de abrigo e tratamento espiritual para jovens vítimas das drogas e do álcool.

Berto Luiz Curvo tinha 75 anos. Ele foi um dos fundadores do PT em Mato Grosso do Sul, juntamente com intelectuais, profissionais liberais, políticos, estudantes e operários, como o ambientalista Alcides Faria, o mestre de obras Ezequiel Ferreira Lima e o deputado federal e primeiro candidato do partido ao Governo, Antonio Carlos de Oliveira. O enterro será às 16 h desta sexta-feira, 17. O velório é na Pax da Avenida Ernesto Geisel, em frente ao Horto Florestal.

PRISÃO

Antes de morar em Campo Grande, Berto Curvo já se destacava no movimento estudantil contra a ditadura militar em Curitiba, onde fazia o curso de Direito. Em dezembro de 1968, numa chácara, no bairro curitibano do Boqueirão, ele e dezenas de universitários foram cercados e detidos quando realizavam um encontro regional para dar continuidade aos temas do 30º Congresso da União Nacional de Estudantes (UNE).

As forças de repressão invadiram o local do Congresso, em Ibiúna (SP), prenderam mais de 700 participantes e encaminharam parte deles para o presídio de Ahu, no Paraná. Curvo estava entre os 15 estudantes julgados em março de 1969, na Auditoria da 5.ª Região Militar.

Esses dados estão documentados em relatos testemunhais, documentos, fotos, atas e vídeos recolhidos pelo Fórum Paranaense de Resgate da Verdade. Um dos companheiros de Curvo naqueles dias era o hoje advogado e professor Vitório Sorotiuk, que mora em Curitiba e forneceu os nomes de todos os 15 militantes estudantis levados à julgamento pela repressão.

Eram eles: Antônio João Mânfio, Vitório Sorotiuk, Charles Champion Junior (falecido), Mauro Daisson Otero Goulart (falecido), Dácio Villar, Celso Mauro Paciornik, Berto Luiz Curvo, Helio Urnau, Marco Apolo dos Santos Silva, João Bonifácio Cabral Junior, Iran Vieira Dias (nome verdadeiro: João de Paulo do Ceará), Marco Antonio Nascimento Pereira, Elisabeth Franco Fortes, Judith Maria Barbosa e Mario Oba.

HONRADEZ

Homem sem vaidades nem ambições, Berto Curvo nunca quis fazer carreira na política. Fiel a seus ideais de sociedade justa e fraterna, exerceu com integridade a carreira jurídica, sendo um dos principais operadores do Direito no Estado. Fora os afazeres profissionais, dedicava-se à missão do filho pastor, a quem se doava incondicionalmente, embora não tivesse vínculo religioso algum. Mas deu ao pastor aquilo que o filho considera o maior presente do pai em sua vida: aceitar Jesus como único salvador.

Mílton Marques, antes do pastorado, era um jovem-problema, envolvido com drogas, numa dependência que quase lhe tirou a vida. Teve no pai a escora presente e amorosa, mas rígida. E esse apoio foi determinante para que, em sete anos, Mílton Marques e a MPTG fundassem em Campo Grande um dos mais amplos, ousados e resolutivos trabalhos de combate à dependência química, com tratamento espiritual.

A Clínica da Alma acolhe atualmente mais de 180 homens e mulheres, em ambientes separados: os homens ficam na sede da igreja e numa chácara; as mulheres em outra propriedade na saída para a área rural de Campo Grande. Todos os imóveis são alugados.

Embora dezenas de jovens tenham sido resgatados das drogas e hoje ocupem funções produtivas na sociedade e na família, a Clínica da Alma corre o risco de ter suas atividades suspensas por força de um processo de interdição em análise no Ministério Público.

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