O Globo/LD
ImprimirA transferência de presos com algemas nos nos pés e nas mãos, conforme aconteceu com o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, não deve se repetir, disse o juiz Sergio Moro em ofício enviado ao desembargador João Pedro Gebran Neto.
O ex-governador protocolou um habeas corpus na segunda instância contra a transferência do presídio de Benfica, no Rio de Janeiro, ao Complexo Médico Penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. A mudança ocorreu devido a suspeitas de que Cabral tivesse privilégios dentro da cadeia no Rio.
No ofício enviado no último dia 26, Moro afirmou que espera a manifestação do Ministério Público Federal e da Defesa a respeito dessa explicação antes de proferir uma decisão definitiva. Todavia, segundo o magistrado, foi expressamente recomendado que os policiais evitassem o emprego de algemas nos pés e nas mãos durante o deslocamento de presos da Lava-Jato, a não ser em casos excepcionais, posição à qual a própria Polícia Federal seria favorável.
"Então, parece bastante improvável que episódio equivalente se repita, salvo talvez em circunstâncias muito excepcionais", escreveu Moro.
No caminho para o Instituto Médico Penal, escoltado pela Polícia Federal, Cabral foi algemado nas mãos e nos pés, o que levou a críticas de sua defesa. Moro afirmou também que as providências cabíveis estão sendo tomadas. A Polícia Federal já prestou esclarecimentos sobre o episódio.
Delegado responsável pela transferência do ex-governador, Jorge Chastalo afirmou que aquela foi a única forma de atuar que não atrapalhasse as medidas de segurança.
— A sensação de mal-estar diante da condução é absolutamente incontornável, ensejando, por vezes, críticas e inconformismo. Mas não há outra forma de atuar, sem causar prejuízo aos critérios mínimos de segurança — disse.