G1/LD
ImprimirO ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse nesta segunda-feira que o governo vai insistir no nome da deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) para o Ministério do Trabalho - a posse da parlamentar voltou a ser suspensa ontem à noite, por decisão da ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) - e afirmou que "novelas sempre têm final feliz".
— Novelas sempre têm um final feliz. O governo mantém a serenidade e obviamente insistirá nessa luta judicial pela preservação das prerrogativas do presidente, e temos confiança no bom senso das decisões judiciais, que vão garantir a posse da ministra escolhida pelo presidente.
O ministro evitou criticar a decisão da ministra Cármen Lúcia, que não julgou o mérito da questão, e disse acreditar que o Supremo acabará por decidir em favor do governo, como fez o ministro Humberto Martins, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
— Entendemos que no devido tempo será essa também a decisão do Supremo Tribunal Federal.
Segundo o ministro, caso a posse volte a ser liberada, Cristiane será empossada mesmo com o presidente Michel Temer em Davos, na Suíça, para onde embarca na noite de hoje e só retorna na quinta-feira. Em seu lugar, ficará o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
— Nós teremos um presidente da República aqui — afirmou Marun.
Marun disse que até seria "o caminho mais fácil" pedir ao PTB que indique outro nome para o Ministério do Trabalho, mas afirmou que o governo escolheu seguir pelo "caminho necessário". Apesar do discurso, a insistência do partido em manter o nome de Cristiane Brasil gera constrangimento para Temer, mas, por conta do apoio que o PTB dá à reforma da Previdência, o presidente ficou refém da escolha da legenda.
— Se você me perguntar se isso (pedir ao PTB que indique outro nome) é mais fácil, eu até poderia responder que seria mais fácil, mas não é esse, neste momento, o pensamento do governo. Um governo que se propõe a fazer as reformas necessárias não pode optar pelo caminho mais fácil — afirmou o ministro.
Marun disse ainda que Michel Temer acha o nome de Cristiane Brasil "positivo", e que insistirá nele. Segundo o ministro, o presidente não está irritado com o imbróglio da posse da futura ministra e recebeu a última decisão, proferida pelo STF, com serenidade.
— O presidente entende que a sugestão feita pelo PTB é positiva, e nós vamos manter esse caminho. Um governo tem que estar à altura de fazer o que é necessário e o que é certo.
PREVIDÊNCIA
O ministro aproveitou para fazer uma contundente defesa da reforma da Previdência, prevista para ser votada na Câmara no dia 19 de fevereiro, e disse que "nada afastará o governo do propósito de aprovar" a proposta.
— Se alguém pensa que vai nos desviar do nosso rumo, que é a aprovação da reforma da Previdência, com questões como essa está enganado. O governo tem rumo, sabe o que é importante para o país — defendeu Marun, que prosseguiu:
— Nós manteremos o rumo. Se existe algum tipo de esperança de alguém de que pedras como essa colocadas no nosso caminho venham nos desviar do nosso rumo, isso não acontecerá. O foco é o mesmo e nós aprovaremos a reforma da Previdência — completou.
O ministro das Cidades Alexandre Baldy, que esteve no Palácio do Planalto na manhã desta segunda para o anúncio da liberação de verbas para o metrô de Brasília, também comentou o imbróglio sobre a posse da nova ministra do Trabalho:
— Eu acredito que cada poder tem as suas atribuições, cada um tem a sua legitimidade. Portanto, os atos devem ser questionados dentro do âmbito legal por cada órgão — disse Baldy.
Indagado se a posse da deputada estava trazendo embaraço ao governo, Baldy disse acreditar que a situação era um embaraço para o país:
— Não acredito que seja um embaraço para o governo, acredito que seja um embaraço para o país.