Sábado, 23 de Novembro de 2024
Política
30/09/2017 08:56:00
Os algozes de Lula e as provas cabais
Nunca o caminho da propina esteve tão bem traçado, quanto o que comprovou os pagamentos da Odebrecht ao ex-presidente.

IstoÉ/PCS

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Encurralado, o petista apresenta recibos forjados e incorre em obstrução de Justiça. Até quando ele permanecerá solto?

Implicado em uma série de crimes, agora o ex-presidente Lula encontra-se mais do que nunca cercado por farta e certeira munição. Os elementos que chegaram à Lava Jato nos últimos dias constituem provas irrefutáveis. Jamais se viu uma rota tão bem fechada, a demonstrar de forma cabal e definitiva o caminho da propina até um político – no caso, o heptaréu Lula.

A trilha da confirmação do pagamento do dinheiro sujo ao petista começa pelo primeiro depoimento de Marcelo Odebrecht à Justiça,– no qual ele contou ter pago R$ 4 milhões a Lula, por meio do Instituto, numa operação negociada pelo ex-ministro Antonio Palocci, – passa pelas declarações do próprio Palocci ao juiz Sergio Moro, em que ele ratifica o acerto, e termina com os recibos e emails apresentados pelo empreiteiro à Lava Jato. É quando a última peça do quebra-cabeças se encaixa e torna-se claro como a luz do sol que, sim, Lula foi de fato e de maneira inconteste o destinatário final da dinheirama.

Para atestar o que tem reiterado à PF, Marcelo entregou quatro comprovantes de doações de R$ 1 milhão cada feitas pela Odebrecht. Os recibos totalizando R$ 4 milhões registram as datas de 16 de dezembro de 2013, 31 de janeiro de 2014, 5 de março de 2014 e 31 de março de 2014, e levam o carimbo do Instituto Lula. Segundo o executivo, os documentos referem-se a pagamentos de propina a Lula abatidos da conta-corrente “Amigo”. Não se trata de palavras ao vento, como quer fazer crer a defesa lulista. Os emails revelados por Marcelo Odebrecht comprovam o que ele diz.

Na mensagem de 26 de novembro de 2013, Marcelo fala do pagamento do suborno a Lula com Hilberto Mascarenhas, diretor do “Setor de Propinas”, e com Alexandrino de Alencar, executivo próximo ao ex-presidente petista: “Italiano (Palocci) disse que o Japonês (Okamotto) vai lhe procurar para um apoio formal ao inst de 4m (não sabe se todo este ano, ou 2 este ano e 2 do outro)”.

No mesmo dia, em outro email a Hilberto, Marcelo escreve: “Do saldo de 15M do amigo (Lula) acertar com B: 500 500 para as próximas semanas”. Ou seja, naquele momento, a conta de propinas de Lula estava com saldo de R$ 15 milhões e o empreiteiro ordenava a realização de dois pagamentos de R$ 500 mil. “B” era Branislav Kontic, ex-assessor de Palocci responsável por receber o dinheiro em espécie e repassar a Lula. Mais didático impossível. Em determinado momento, a situação saiu de controle e os pedidos de dinheiro passaram a ser cada vez mais frequentes – a ponto de Hilberto Mascarenhas classificar a conta-corrente de “suruba” em outro email.

As “doações” ao Instituto Lula são apenas uma das seis novas linhas de investigação contra Lula derivadas das colaborações da Odebrecht. Ainda em Curitiba, a PF investiga se as palestras feitas pelo petista no exterior foram pagas com valores ilícitos. O ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, também prometeu abordar temas correlatos em acordo de colaboração.

“Italiano (Palocci) disse que o Japonês (Okamotto) vai lhe procurar para apoio formal ao inst.(instituto) de 4m (R$ 4 milhões)” Marcelo Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht

TUDO FORJADO

Quando não pelos seus algozes, Lula se encalacra por si próprio. Foi o que aconteceu na última semana, quando o ex-presidente, ao tentar justificar a Moro o pagamento de supostos aluguéis de uma cobertura em São Bernardo, produziu provas contra si mesmo. Os recibos são o retrato mais bem acabado da fraude desavergonhada. Em dois deles, há datas inexistentes, como 31 de junho de 2014 e 31 de novembro, em três, a cidade de São Bernardo do Campo está grafada com erro, nenhum recibo demonstra ter sido dobrado ou manuseado e, embora tenham seis anos de vida, os papéis entregues por Lula não apresentam qualquer sinal de envelhecimento. O contrato de aluguel, segundo a defesa, foi firmado entre Glaucos Costamarques, sobrinho do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo pessoal de Lula, e dona Marisa Letícia, morta em fevereiro. É ele o signatário dos recibos.

Em entrevista, na última semana, Costamarques não só conferiu verossimilhança à fraude, como fez uma revelação gravíssima: disse que assinou todos os documentos num único dia quando estava internado no Sírio-Libanês, em São Paulo, entre 22 e 28 de novembro de 2015. Os recibos foram levados ao hospital pelo contador João Muniz Leite, a pedido ao advogado de Lula, Roberto Teixeira. Nos próximos dias, o MPF vai pedir a perícia nos documentos. O caso representa uma situação clara e manifesta de obstrução de Justiça. Em 2015, quando as empreiteiras fraudaram recibos para pagar empresas ligadas ao doleiro Alberto Youssef, o juiz Sérgio Moro mandou prender os empresários. Não se sabe qual caminho o juiz seguirá desta vez. O fato é que há elementos de sobra para levá-lo à cadeia.

Para o ex-ministro Palocci, a ida de Lula para a prisão não constituiria uma injustiça. Pelo contrário. Em carta, ao pedir desfiliação do PT, Palocci disse que Lula sucumbiu ao pior da política. “Lula dissociou-se definitivamente do menino retirante para navegar no terreno pantanoso do sucesso sem crítica, do tudo pode, do poder sem limites, onde a corrupção, os desvios, as disfunções que se acumulam são apenas detalhes no cenário entorpecido dos petrodólares”, disse Palocci, acrescentando:.

“Afinal, somos um partido político sob a liderança de pessoas de carne e osso ou uma seita guiada por uma pretensa divindade?”. O ex-ministro também perguntou até quando o partido acreditaria no discurso de Lula de que é “o homem mais honesto do país” e criticou o fato dele tentar responsabilizar a falecida esposa pelos ilícitos que cometeu. Outro ponto alto da carta foi a menção a um encontro com a presença de Dilma e do ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, em que Lula fala sobre sondas e propinas de forma extremamente natural. O ex-ministro classificou o encontro de a “cena mais chocante” que presenciou do “desmonte moral” de Lula. Se é Palocci quem diz …

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