Veja/PCS
ImprimirA Polícia Militar prendeu três pessoas na manifestação contra o presidente Michel Temer em São Paulo, na tarde deste domingo. As detenções foram feitas próximas ao vão livre do Masp, na Avenida Paulista, ponto de partida do ato de hoje, antes mesmo de os manifestantes iniciarem a caminhada.
Segundo o major Marco Aurélio Teles, comandante do policiamento no protesto, os três detidos, duas mulheres e um homem, portavam pedras, bolinhas de gude, soco inglês, máscaras e até uma faca de cozinha. Durante as detenções, a PM jogou gás de pimenta para afastar quem estava em volta e houve corre-corre. Os três detidos foram encaminhados para o 78ºDP, nos Jardins.
Uma menor de idade, de 17 anos, que também havia sido apreendida pela PM, acabou liberada. A jovem L.N. confirmou a jornalistas que carregava a faca de cozinha e o soco inglês, objetos que ela diz que costuma carregar para se proteger.
Quando a confusão começou, políticos como os deputados federais Paulo Ferreira (PT-SP) e Ivan Valente (PSOL-SP), o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e o ex-senador Eduardo Suplicy (PT), que estavam em cima do carro de som, desceram para conversar com a polícia.
O ato foi chamado pelas redes sociais pelas Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, que reúnem movimentos sociais e partidos de esquerda. Entre os principais organizadores estão o MTST, liderado por Guilherme Boulos, a CUT e as juventudes do PT, PSOL e PCO. Segundo os organizadores, cerca de 50.000 participaram da manifestação. A PM ainda não divulgou sua estimativa.
Como no protesto do último domingo, os manifestantes pediam a convocação de novas eleições, mas há pessoas que gritavam pela volta de Dilma à presidência. Além do “fora Temer”, também se ouviram gritos de “fora Cunha”. Nesta segunda-feira, a Câmara dos Deputados vai votar o parecer do Conselho de Ética pedindo a cassação do deputado afastado por ter mentido à CPI da Petrobras.
Candidatos às eleições municipais deste ano também aproveitam o ato para fazer campanha. Bandeiras e panfletos do prefeito Fernando Haddad (PT) e do vereador Jamil Murad (PCdoB) são distribuídos por cabos eleitorais.
Conforme combinado com a Polícia Militar, o protesto percorreu a Avenida Paulista no sentido Paraíso e desceu pela Av. Brigadeiro Luís Antônio rumo ao Monumento às Bandeiras, no Ibirapuera, ponto final do ato, aonde chegou por volta das 18h40. Com exceção das prisões no início, a manifestação transcorreu tranquilamente. “Só teve aquele incidente com os mascarados, que na verdade não eram manifestantes, mas baderneiros. (A confusão) Foi por conta de indivíduos, e não da manifestação em si”, disse Teles.
Assim como nos últimos protestos, na semana passada, a PM acompanhou a caminhada à distância, com seis viaturas e 30 motos da Rocam, distribuídas à frente e atrás dos manifestantes. A Tropa de Choque da polícia seguiu a movimentação do protesto nos quarteirões ao redor do trajeto.
Ao lado de Boulos, Lindbergh Farias e o líder da Central de Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim, seguiram durante todo o ato na linha de frente, dialogando com a PM quando o clima de tensão aumentava.
No encerramento do protesto, Guilherme Boulos citou as prisões dos manifestantes e anunciou novo ato contra o governo para o próximo domingo. Artistas como a cantora Tiê e a banda Teatro Mágico fizeram shows após o fim da manifestação. Ambulantes
Entre os produtos “fora Temer”, os bottons são os que fazem mais sucesso entre os manifestantes. O pequeno custa 2 reais e o grande, 3 reais.
Na região do Masp, os manifestantes concorrem espaço com os frequentadores da feirinha de antiguidades, que fechou duas horas mais cedo por causa do ato, e do Encontro dos Marombas, que reúne aficionados por malhação e academia, além das pessoas que vem à Avenida Paulista para atividades de lazer.