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Política
27/05/2020 09:56:00
Prefeitos divergem sobre unificação de eleições em 2022

Correio do Estado/LD

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A possível unificação das eleições para 2022 – em que se votaria para prefeitos, vereadores, deputados estaduais e federais, senadores e presidente da República – tem causado divergência entre os prefeitos do interior de Mato Grosso do Sul. O assunto foi levantado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) em carta aberta divulgada ontem por conta da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) e encaminhada ao Congresso Nacional pedindo unificação.

Conforme o documento da CNM, o distanciamento social obriga cidadãos com mais de 60 anos a se manterem afastados do convívio social, “o que inviabiliza sua presença em convenções partidárias, campanhas eleitorais e até mesmo na eleição, a não ser que exponham sua saúde em risco. Atualmente, 1.313 prefeitos em exercício têm mais de 60 anos, e destes 1.040 têm o direito de concorrer à reeleição. Na última eleição, apenas 18% dos atuais prefeitos foram reeleitos. Portanto, atualmente, 82% dos prefeitos em exercício têm o direito de concorrer à reeleição”.

O presidente da Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul (Assomasul) e prefeito de Bataguassu, Pedro Caravina (PSDB), disse que concorda com a posição da CNM como líder das cidades e vê que é o melhor a se fazer neste momento. “Cada estado tem uma situação, só que uma eleição não se faz por pedaço. A CNM acredita que a eleição não tem como acontecer em outubro. Estamos com a pandemia, as ações estão prejudicadas, candidatos nos grupos de risco; e no interior a campanha é corpo a corpo. Eleição precisa ser suspensa em outubro. A proposta da unificação das eleições em 2022 [se dá] primeiro por conta da pandemia; depois, da economia aos cofres públicos [fundo partidário e fundo eleitoral]. Os gastos poderiam ser suprimidos e unificados”.

Ainda de acordo com Caravina, se for mantida a data do pleito para o dia 4 de outubro, o número de abstenções deve ser alto. “A eleição do jeito que está hoje seria antidemocrático, porque algumas pessoas não poderiam participar. Como presidente da associação, fechamos a questão em cima disso. Estamos preocupados com abstenção. Imagina em um período desse de pandemia o quanto de gente deixaria de votar. Temos preocupação com o período de transição também. Se o segundo turno for 20 de dezembro, os prefeitos terão 10 dias para fazer a transição, e também como a Justiça Eleitoral vai avaliar as prestações de contas em tempo?”, questionou.

O Correio do Estado procurou os prefeitos das maiores cidades de MS. O administrador de Três Lagoas, Anglo Guerreiro (PSDB), disse que não tem pensado na eleição porque está focado no combate à Covid-19. “É tanto sufoco que a gente nem lembra”.

Na sua avaliação, ainda não se pode dizer se as eleições devem ser adiadas para novembro ou dezembro deste ano, ou então unificadas em 2022. “Não sabemos até quando isso vai. Mas tem que deixar um ponto de interrogação, uma incógnita, correr contra o tempo. Tem vários fatores para serem analisados. Até o momento, foi comentado o adiamento, mas o que for bom para a nação, estamos aqui para seguir o mesmo formato”, afirmou Guerreiro.

O prefeito de Coxim, Aluizio São José (PSB), não concorda em mudar a data do pleito eleitoral, mas sim criar alternativas. “A minha posição é que, havendo condições sanitárias, que elas aconteçam em 2020, e se houver necessidade de adiar, que seja pelo menor tempo possível. Claro que não podemos ser irresponsáveis e realizar sem que haja condição por conta da pandemia. Eu acho que se não for possível fazer em 2020, que se adie o menor espaço possível. Se puder fazer em junho, março, que se faça. Concordo com a unificação para frente, porque é um gasto que precisa ser reduzido”.

Gestor municipal de Ponta Porã, Hélio Peluffo (PSDB) também se diz contra a mudança de datas e, inclusive, a unificação. “Sou contra a unificação. Se quer unificar, que faça uma eleição de dois anos. Não quero me indispor com colegas, mas sou contra prorrogar mandato. Acho que pode estender o horário de votação, colocar horário para cada faixa etária, idosos separados. Sou contra ganhar mandato na caneta; faz uma eleição com mandato de dois anos e depois unifica”, Peluffo.

Pré-candidato à reeleição, o administrador de Campo Grande, Marcos Trad (PSD), tem opiniões semelhantes sobre os assuntos. “Unificação sou contra, porque há 3 anos, quando o eleitor foi às urnas, escolheu para 4 anos e não 6. Sou contra mudar a regra do jogo no final da partida. Adiar é porque eu acredito que aqueles que, por ventura, forem entrar não têm tempo para uma transição efetiva para o bem de uma cidade, e a transição é necessária e importante”.

A prefeita de Dourados, Délia Razuk (PTB), não quis se manifestar sobre eleição. “Estamos com toda nossa preocupação voltada para o enfrentamento da Covid-19”, informou por meio da assessoria.

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