Segunda-Feira, 21 de Abril de 2025
Política
22/10/2015 18:13:00
PT barra convocação de amigo de Lula em CPI na Câmara
Parlamentares se mobilizaram para evitar que requerimento que pede a ida de José Carlos Bumlai ao colegiado fosse votado. Pecuarista foi citado por delator

Veja/PCS

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José Carlos Bumlai, amigo íntimo do presidente Lula, estava autorizado a entrar quando quisesse, na hora em que bem entendesse (Foto: Cristiano Mariz)

O PT acionou sua tropa de choque na CPI dos Fundos de Pensão para barrar a convocação do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que pode ser mais um caminho para confirmar o envolvimento do petista nos escândalos de corrupção desvendados pela Operação Lava Jato. Foi colocado em votação nesta quinta-feira requerimento para chamar Bumlai para depor no colegiado, mas deputados petistas se mobilizaram para evitar a ida do empresário à comissão.

Como mostra reportagem de VEJA desta semana, o operador Fernando Soares, o Fernando Baiano, afirmou ao Ministério Público ter pago a José Carlos Bumlai 2 milhões de reais em propina. Uma nora de Lula seria o destino final do dinheiro. A declaração foi dada em acordo de delação premiada firmado no âmbito da Lava Jato, que investiga o propinoduto da Petrobras.

Os atos de Bumlai, porém, também o levam a irregularidades em fundos de pensão, foco da comissão que inquérito que tenta convocá-lo. Ainda de acordo com Baiano, o pecuarista esteve ao menos duas vezes no Instituto Lula para uma reunião com o ex-presidente e João Carlos Ferraz, então presidente da Sete Brasil, empresa criada pela Petrobras com bancos e fundos de pensão destinada a contratar navios-sonda. Foi durante uma dessas reuniões entre Lula, Ferraz e Bumlai que, segundo o delator, foi acordado o valor do repasse para a nora do ex-presidente.

Após a divulgação desses casos, o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG) apresentou requerimento de convocação do pecuarista. O pedido estava em pauta na sessão desta quinta, mas deputados petistas apresentaram manobras para tirar o item da votação e ainda minimizaram a presença de Bumlai na comissão.

"Não há nenhum dado que permita dizer que sequer os fundos de pensão e a Sete brasil estiveram presentes na delação e no envolvimento de pessoas que são objeto de requerimentos", disse o deputado Paulo Teixeira (PT-SP). A investida contou com o apoio do também petista Ênio Verri (PT-PR) e de parlamentares do PMDB.

O ex-presidente da Sete Brasil depôs à CPI dos Fundos de Pensão no início do mês e, na ocasião, confirmou ter participado de pelo menos dois encontros com Lula. "O depoimento de João Carlos Ferraz legitima a delação do Baiano. Agora, convocar o Bumlai é essencial", disse o presidente da CPI, deputado Efraim Filho (DEM-PB), que condenou a manobra dos parlamentares. "A Operação Lava Jato é um elemento à parte no qual temas que tangenciam fundos de pensão também estão inseridos e nós não podemos fechar os olhos. Blindar essas investigações é muita coragem diante da perda dos servidores e dos beneficiários", continuou o presidente.

Em meio à discussão, a sessão acabou tendo de ser encerrada por causa do início da votação em plenário, o que inviabiliza a análise de requerimentos nas comissões. A discussão sobre a convocação de Bumlai deve ser retomada somente em novembro.

Laços

O pecuarista José Carlos Bumlai já foi citado diversas vezes durante as investigações do petrolão como o homem que representava os interesses do ex-presidente no esquema de corrupção da Petrobras. Além de recolher propina para a campanha do amigo, ele, segundo Fernando Baiano, arrumou 2 milhões de reais para um dos filhos do ex-presidente.

Ele aparece reivindicando parte da propina para pagar despesas da campanha presidencial de Lula em 2006. Bumlai é amigo e tutor dos filhos e dos negócios do ex-presidente. Durante uma década, sob sua batuta, a família experimentou os benefícios da ascensão social. Lula tem uma conta bancária com 27 milhões de reais. Seus dois filhos seguiram a mesma trilha - empurrados também com dinheiro do petrolão, sabe-se agora.

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