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ImprimirO ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque teve pena aumentada para 28 anos, cinco meses e 10 dias de reclusão em julgamento no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre, nesta quarta-feira (12).
Na primeira instância, a sentença do juiz Sérgio Moro estipulou 10 anos por corrupção passiva em esquema para permitir o funcionamento de um cartel de empreiteiras, por meio do pagamento de 3% do valor total de contratos fraudulentos para agentes da estatal. Segundo o magistrado, a prática envolveu cerca de R$ 100 milhões, "ainda que somente parte tenha sido destinada ao condenado".
A defesa pediu a anulação da sentença, negada pelos desembargadores federais, que inocentaram Duque em fatos referentes a dois dos sete contratos pelos quais ele havia sido condenado por Moro – o de obras de infraestrutura do Centro de Pesquisas (Cenpes) e Centro Integrado de Processamento de Dados (CIPD), no Rio de Janeiro, e o de construção e montagem do píer do Terminal de Regaseificação da Bahia (TRBA).
Ainda assim a pena foi elevada, porque a 8ª Turma da corte aplicou o critério do concurso material – quando o mesmo crime é praticado várias vezes, as penas são somadas – entre dois dos cinco crimes pelos quais responde.
"Os depoimentos dos colaboradores são firmes e coerentes no sentido de que o acusado, na condição de diretor da Petrobras, recebia vantagem ilícita das empreiteiras participantes do 'clube', consistente em porcentagem de cada contrato firmado por estas com a estatal; em troca, permanecia silente a respeito da existência do cartel e recebia dos executivos a lista de empresas que deveriam ser convidadas para licitação de determinada obra", declarou em seu voto o relator do processo, desembargador federal João Pedro Gebran Neto.
O Ministério Público Federal (MPF) pediu também que fosse anulado o benefício concedido pela primeira instância a Duque, de progressão de regime após cinco anos de prisão. No julgamento desta quarta, foi determinado também que o benefício fica condicionado à reparação dos danos. Moro estipulou em R$ 115.919.484,00 o valor mínimo necessário para indenização.
No mesmo processo, quatro ex-executivos da empreiteira Andrade Gutierrez foram condenados – um por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e associação criminosa, e os outros por corrupção passiva. Eles confessaram os crimes e também firmaram acordo de colaboração premiada.
Na primeira instância, ficou decidido que eles cumpririam pena em "regime semiaberto diferenciado", com acolhimento domiciliar noturno, nos dias úteis entre as 22h e 6h, e integral nos fins de semana e feriados. Eles também deveriam usar tornozeleira eletrônica.
Redução de pena em outro processo
Em outro julgamento realizado nesta quarta, o TRF-4 decidiu reduzir a pena de Duque e manter a sentença imposta ao empresário Marcelo Odebrecht. Eles foram condenados na Lava Jato por esquema de corrupção nos contratos da estatal com a empreiteira.
Duque foi condenado por corrupção passiva, por receber vantagens indevidas em contratos com a empreiteira, e lavagem de dinheiro. Nesta quarta, ele teve a pena reduzida de 20 anos, três meses e 10 dias para 16 anos e sete meses de reclusão.
Odebrecht foi condenado no processo por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Ele tem acordo de delação premiada, que fez com que os 19 anos e quatro meses sentenciados pelo juiz Sérgio Moro fossem reduzidos.