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ImprimirO governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, condicionou a regularização do calendário de pagamento dos servidores do estado à sanção do projeto de lei que permite a renogociação das dívidas com a União. A proposta foi aprovada na Câmara dos Deputados na última terça-feira e aguarda para ser sancionada ou vetada pelo presidente Michel Temer. Em entrevista ao CBN Rio, Pezão disse que a lei é "a salvação do Rio e demais estados". Segundo o governador, isso representaria um alívio de R$ 25 bilhões nos próximos três anos.
"Quando estava de licença, Dornelles decretou calamidade financeira. Hoje, já são quatro estados, e mais três devem fazer o mesmo no próximo trimestre. É muito difícil para o governante governar. Estou fazendo todos os esforços possíveis. Eu sei o que representa esse atraso no pagamento, mas infelizmente não depende só do estado do Rio".
Pezão também atribuiu a dificuldade no pagamento dos salários aos arrestos nas contas do estado. Ele lembrou que, em outubro, o estado ficou 21 dias com as contas bloqueadas, sendo 11 pela Justiça estadual e dez pelo Tesouro Nacional. Segundo o governador, "é impossível fazer um planejamento financeiro sem ter o gerenciamento do caixa".
"Estou lutando muito. Já conseguimos passar as decisões sobre os arrestos da Justiça Estadual para o STF. Se eu não for arrestado e conseguir esse acordo de renegociação das dívidas, a situação melhora muito".
Para tentar conter a crise financeira, Pezão enviou, no início de novembro, um pacote com 22 medidas de austeridade para discussão na Assembleia Legislativa. Mas, devido a protestos e ameaças de greve, a votação ficou para 2017. O governador destacou que, se as medidas não forem aprovadas, o estado terá ainda mais dificuldades para efetuar os pagamentos.
"Do jeito que a economia está, em 2017, eu só teria recursos para sete folhas de pagamento. Por isso as medidas são essenciais. Se o país não voltar a crescer, é o pior cenário. A arrecadação só está caindo".
Diante desse cenários, deputados vêm tentando articular um impeachment do governador. Pezão disse, no entanto, que vê a situação com "muita tranquilidade".
"Não sou melhor nem pior que ninguém. Se a renegociação da dívida dos estados está sendo discutida, é porque me plantei em Brasília, trabalhando lá 14, 15 horas por semana. Infelizmente, há pessoas que torcem para o quanto pior melhor, mas faço o que está ao meu alcance".
O governador também comentou a situação do seu antecessor, Sérgio Cabral, que está preso por suspeita de chefiar um esquema de pagamento de propina envolvendo obras públicas do estado. Ele disse que Cabral tem direito a defesa.
"Não julgo as pessoas. O Brasil está vivenciando um momento de primeiro acusar, te jogar na lama, te expor, e depois te dar direito de defesa. Eu sofri isso. Fui uma das primeiras pessoas a entrar na lista da Lava-jato. Mas a Polícia Federal já pediu duas vezes o arquivamento do meu processo. Vamos dar direito à defesa. Acredito na Justiça".