Segunda-Feira, 9 de Junho de 2025
Política
30/01/2017 16:13:00
Sem apoio do partido, Júlio Delgado lança candidatura à presidência da Câmara

G1/LD

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O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) anunciou oficialmente na tarde desta segunda-feira (30) que disputará a presidência da Câmara. A eleição que definirá quem irá comandar a Casa nos próximos dois anos está marcada para quinta-feira (2).

Júlio Delgado não conta com apoio do próprio partido – o PSB anunciou que apoiará a reeleição do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ. Mesmo assim, o deputado de MG decidiu se lançar candidato avulso ao comando da Casa.

Durante o anúncio da candidatura, Delgado afirmou que reconhece a posição anunciada pelo PSB, mas disse que espera ter votos dos colegas de partido. “Vou ter certamente votos do PSB, apesar da decisão da bancada”, afirmou.

O deputado do PSB já disputou outras duas vezes a presidência da Casa. Na primeira, em 2013, foi derrotado pelo então deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), obtendo 165 votos dos 513 parlamentares.

Em 2015, Delgado foi derrotado por Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e viu seus votos da eleição anterior despencarem 65%. Ele somou apenas 100 votos.

Além de Maia e de Delgado, disputam atualmente a corrida pela presidência da Câmara os deputados Jovair Arantes (PTB-GO) e André Figueiredo (PDT-CE).

O líder do PSD, Rogério Rosso, também chegou a lançar candidatura, mas, sem o apoio da própria bancada, anunciou que iria suspender a campanha até que o Supremo Tribunal Federal (STF) analisasse se a candidatura de Maia é constitucional.

Ação no STF

O deputado anunciou ainda que vai entrar na tarde desta segunda com um mandado de segurança no STF solicitando que Rodrigo Maia seja impedido de ser candidato na eleição da Câmara.

Delgado argumenta que, em dezembro de 2016, Maia emitiu um ato que define o rito, a data e os procedimentos da eleição. Para ele, o presidente da Câmara não poderia assinar uma decisão que iria reger sua própria candidatura.

“Se ele quer ser candidato, como estabeleceu um rito para se beneficiar?”, questionou o deputado.

No caso de Maia registrar a candidatura, o mandado pede que a eleição da Câmara seja suspensa, já que, na avaliação do deputado, o ato de dezembro se tornaria inválido. “Se ele registrar a candidatura, esse ato é nulo”, disse.

Delgado afirmou que vai buscar os outros candidatos à presidência da Casa para que subscrevam a ação.

Apoio do PSB

Há duas semanas, em uma reunião em Brasília que contou inclusive com a presença de Júlio Delgado, a bancada do PSB na Casa decidiu que não lançaria um candidato próprio à eleição da Câmara. Na semana seguinte, os deputados do PSB formalizaram o apoio a Maia.

Em comunicado divulgado na última segunda (23), o vice-líder do partido, Tadeu Alencar (PE), afirmava que Maia vem exercendo "com responsabilidade” a presidência “com diálogo, hábil articulação e inegável autoridade política”.

De acordo com o documento divulgado pela bancada do PSB, os deputados se compremetiam a apoiar o atual presidente da Câmara desde que ele acatasse compromissos, como um maior diálogo da Casa com a sociedade e distribuição equitativa de relatorias em matérias importantes.

Apoio a Maia

Até o momento, nove partidos já anunciaram apoio à reeleição do atual presidente da Câmara, que ainda não formalizou a candidatura em razão de questionamentos jurídicos de adversários. O leque de alianças de Rodrigo Maia conta com os votos de deputados de PV, PP, PRB, PSD, PR, PSB, PHS, PSDB e DEM.

Somadas, as bancadas dessas nove legendas contam com 266 parlamentares, mais da metade da Casa (257).

O fato de os partidos terem anunciado apoio à reeleição não significa que todos os deputados dessas legendas são obrigados a votar em Maia.

Para ser eleito, um candidato à presidência da Câmara precisa obter a maioria dos votos, desde que estajam presentes à sessão, pelo menos, 257 dos 513 deputados.

Perfil

Júlio Delgado nasceu em Juiz de Fora (MG). É formado em direito e está no quinto mandato de deputado federal.

Em 2016, Delgado protagonizou uma cena inusitada ao comemorar de forma efusiva o voto dado pela deputada Tia Eron (PRB-BA) no Conselho de Ética da Câmara pela cassação do mandato de Eduardo Cunha (veja o vídeo acima). A cena da celebração de Delgado virou meme nas redes sociais.

Em setembro de 2015, o Supremo autorizou uma investigação sobre Júlio Delgado com base na delação premiada do empresário Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC. O empreiteiro, que é um dos delatores da Lava Jato, afirmou que o deputado do PSB era um dos beneficiários do esquema de corrupção que atuava na Petrobras.

No ano passado, o inquérito que investigava Delgado na Lava Jato foi arquivado atendendo a um pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que não viu indícios suficientes de envolvimento do parlamentar com fraudes na Petrobras.

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