G1/PCS
ImprimirO presidente em exercício Michel Temer disse nesta quarta-feira (22), em entrevista à rádio Jovem Pan, que "não vale a pena" o Senado levar adiante pedido de impeachment do procurador-geral da Republica, Rodrigo Janot. O presidente da Casa, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que analisaria se abre o procedimento contra Janot.
"Eu acho que realmente não vale a pena. E penso e até informo que o presidente Renan já arquivou 5 pedidos de impeachement. Esse é o sexto. Tenho a sensação de que não irá adiante", afirmou Temer.
Na semana passada, duas advogadas protocolaram, no Senado, uma denúncia contra o procurador, alegando que Janot dá tratamento diferenciado a situações “análogas” de possíveis práticas de atos ilícitos.
Também na última semana, Renan disse que iria analisar o pedido. A declaração ocorreu após vir a público uma solicitação que Janot fez ao Supremo Tribunal Federal (STF) para prender quatro dos principais líderes do PMDB por obstrução da Lava Jato: o próprio Renan, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), o presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o ex-presidente José Sarney.
Na entrevista, Temer também foi questionado sobre os pedidos de prisão. Para o presidente em exercício, Janot cumpriu o papel que lhe cabe ao enviar as solicitações para o tribunal. O ministro relator da Lava Jato no STF, Teori Zavascki, recusou os pedidos relativos a Sarney, Jucá e Renan, e pediu para Cunha apresentar defesa. Segundo Temer, Teori também desempenhou o papel que deveria.
"Acho que o procurador fez o papel dele, possivelmente motivado por documentos, e Teori também fez o papel dele. Nesse momento, viu que não era o caso. Quando entendemos que devemos enaltecer a atividade das intituições, estamos aprimorando aquilo que chamo de uma tentativa de reinstitucionalizar o país", disse Temer.
Ele também foi questionado sobre as saídas de três ministros em um mês de seu governo interino e se haveria novas demissões.
"Eu acho que não [haverá novas demissões]. Realmente, os que caíram, até devo registrar, pediram demissão. Eles tinham um sentido de colaboração, mas claro que eu ia fazer uma avaliação. Neste sentido de colaboração, eles vieram a mim logo que apareceu algo", afirmou Temer. "Acho que não teremos mais problemas, mas acho que isso não pode atrapalhar a governabilidade nem a confiança no país", completou o presidente em exercício.
O primeiro ministro que deixou o governo Temer foi o senador Romero Jucá (PMDB-RR), que comandava o Planejamento. Ele caiu após virem a público gravações de conversas feitas pelo ex-presidente da Transpetro e delator da Lava Jato, Sérgio Machado. Nos áudios, Jucá defendia um estancamento na "sangria" da Lava Jato.
Depois caiu o então ministro da Transparência, Fabiano Silveira, que também apareceu em conversas gravadas por Machado criticando a Lava Jato. Na última semana, o então ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, investigado na operação, pediu para sair para não "constranger" o governo.
Temer voltou a dizer que dá apoio à Lava Jato e afirmou ainda que o poder Executivo tem "zero chance" de interferir no trabalho do Ministério Público, da Justiça e da Polícia Federal. Ele argumentou também que não tem ouvido, de parlamentares no Congresso, uma "disposição conspiratória" contra a opração.
Nesta terça (21), Temer concedeu entrevista ao jornalista Roberto D'Ávila, da GloboNews, na qual disse não ter traído "ninguém" para chegar à Presidência e criticou a proposta defendida por parte da oposição de novas eleições para presidente caso Dilma consiga barrar o processo de impeachment no Senado.
Interinidade
Temer disse ainda que o fato de ser interino gera "alguns problemas e instabilidades". Ele está ocupando o cargo enquanto o Senado ainda não tomou uma decisão final sobre o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. O julgamento de Dilma no Senado deve ocorrer em agosto.
"Os investidores estrangeiros têm me procurado, procurado ministros. Sempre aquela pergunta: o que vai acontecer em agosto? [...] As pessoas se angustiam com isso. A economia está ligada à pacificação política. Acho que a partir de agosto, se acontecer o que se pode imaginar, a economia dará um novo salto", afirmou Temer.