G1/LD
ImprimirO ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta segunda-feira (19) que ele e sua equipe trabalharão durante o mês de janeiro, período de recesso no Judiciário, para analisar toda a documentação das 77 delações encaminhadas nesta segunda pela Procuradoria-Geral da República, conforme o G1 antecipou no sábado.
A PGR entregou as delações ao STF um dia antes do início do recesso do Judiciário. Dada a exiguidade de tempo, Teori e a equipe dele analisarão e catalogarão tudo e, principalmente, ouvirão os 77 ex-executivos da Odebrechet, na presença dos advogados, e sem a participação dos procuradores, para que eles confirmem se falaram por livre e espontânea vontade.
Questionado sobre se ele e sua equipe trabalharão em janeiro, Teori respondeu: "Vamos trabalhar. Dividindo um pouquinho [os trabalhos]. [...] Nós temos trabalhado. Juízes é que normalmente não trabalham. A minha equipe normalmente tem trabalhado. Em julho nós trabalhamos. Embora eu não esteja aqui sempre, eu monitoro e faço as coisas. Não vai ser a minha eventual ausência física de Brasília que vai atrasar".
Teori foi indagado ainda sobre se pretendia ouvir novamente alguns dos delatores e se seria possível que toda a análise e a homologação dos acordos poderiam estar prontos antes de fevereiro, mês em que as atividades no Judiciário são retomadas.
"Nós vamos seguir a lei. Não examinei o material que vem, vou examinar. Mas vamos seguir aquilo que a lei manda. Em face dessa excepcionalidade, nós vamos trabalhar", disse.
"Acho difícil que se consiga fazer isso [homologar os acordos antes de fevereiro] se é o volume de material que se diz. Porque também conheço por notícia. [...] Eu não gostaria de fazer esse exercício de futurologia [...] Vou dar o ritmo normal. Mas, como eu disse, da parte que me toca, não vai ter atraso", concluiu o ministro.
Relator da Lava Jato, Teori Zavascki disse "lamentar" o vazamento para a imprensa de informações de documentos da delação premiada.
De acordo com informações às quais o G1 e a TV Globo tiveram acesso – publicadas somente depois de confirmadas –, o ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho apontou no termo de confidencialidade (uma espécie de pré-delação, na qual o delator informa espontaneamente o que contará na delação) o envolvimento de dezenas de políticos, de vários partidos, inclusive o presidente Michel Temer.
O ex-diretor de Relações Institucionais da empresa diz que Temer, então vice-presidente da República, pediu R$ 10 milhões diretamente a Marcelo Odebrecht, em um jantar no Palácio do Jaburu, em Brasília. Cláudio Melo Filho afirmou que, desse total, R$ 6 milhões foram para a campanha de Paulo Skaf (PMDB) ao governo de São Paulo, em 2014, e os outros R$ 4 milhões ficaram sob responsabilidade de Eliseu Padilha, atual ministro do governo Temer, para ser distribuído.
Ainda segundo Cláudio Melo Filho, um dos endereços para entrega dos R$ 4 milhões destinados a Padilha foi o escritório de advocacia de José Yunes, em São Paulo, o que deixa a entender que o repasse foi em dinheiro vivo. Yunes pediu demissão do governo, onde ocupava o cargo de assessor especial da Presidência, no Palácio do Planalto, depois que as informações se tornaram públicas.
"Pelo que eu vi não foi propriamente um depoimento que foi vazado. Pelo que eu vi. Mas de qualquer modo é lamentável que estas coisas aconteçam. É lamentável", afirmou o ministro Teori Zavascki, falando sobre os vazamentos.