O Globo/LD
ImprimirUm grupo de senadores e deputados tentam convencer o senador Aécio Neves (PSDB-MG) a “mergulhar” por um tempo, afastando-se não só da presidência do partido, mas licenciando-se do mandato para “sair da linha de tiro”. A avaliação é que no momento qualquer movimento do tucano será visto como uma afronta a opinião pública ou acordão com o governo do presidente Michel Temer para se salvar das acusações que responde no Supremo Tribunal Federal (STF). Mas segundo dirigentes do partido, Aécio não só resiste, como insiste em buscar protagonismo. O discurso na quarta-feira no plenário, ao voltar ao Senado, por exemplo, foi desaconselhado, em vão.
Depois da tentativa fracassada de convencer Aécio a renunciar à presidência do PSDB, ontem, o presidente interino, Tasso Jeiressatti (PSDB-CE), foi nesta quinta-feira a São Paulo se reunir com o presidente de honra Fernando Henrique Cardoso e o governador Gerado Alckmin para pedir ajuda para convencer Aécio a tomar a iniciativa de se afastar.
— Todo mundo vem dizendo para o Aécio submergir, tirar uma licença para cuidar de sua defesa, o mandato já foi recuperado, mas ele escuta? Está agarrado ao Temer e não quer de jeito nenhum. Olha o Serra! Quando a coisa estourou para o seu lado, sumiu, ninguém ouve mais falar dele. O Aécio, ao invés de se recolher, comete um erro atrás do outro e está na mira da turma lá do Supremo — explica um dos tucanos que defende a tese de que Aécio deve “sumir”.
O resultado do discurso ontem no plenário, avaliam os tucanos, foi desastroso. Além da recepção fria dos colegas - ao aparecer no noticiário se dizendo vitima de uma trama ardilosa, depois de ter uma conversa comprometedora com Joesley Batista gravada e mala de dinheiro entregue ao primo divulgadas -, dizem os senadores, isso acabou provocando mais raiva na população.
Um dos complicadores apontados por dirigentes tucanos é a pressão dos aliados do Planalto e tucanos governistas para que Aécio continue como presidente licenciado. A avaliação desse grupo é que o afastamento de Aécio fortalece a posição antigovernista de Tasso, que pode levar o partido ao rompimento com o governo Temer.
Outro fator que pesa para Aécio resistir é o processo no Conselho de Ética para perda do mandato. Acha que, como presidente licenciado do partido e aliado do Planalto, tem mais poder de negociação de apoios para derrubar a representação do PT.
— Toda a bancada reunida ontem quer que Aécio tome a iniciativa de se afastar. Se perguntar uma pedra em Itapipoca ela vai dizer que o melhor para todo mundo, hoje, é Aécio se afastar. Mas, na reunião, ele se mostrou muito machucado, pediu tempo para reorganizar sua vida depois do que passou recluso, em casa — contou um dos senadores presentes a reunião.
Na reunião de ontem, Aécio pediu tempo ao ser cobrado para sair. Tasso disse que a decisão definitiva deve sair até a semana que vem.