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ImprimirQuem disse que a vida do Renault Kwid iria ser fácil na briga pela liderança de vendas entre os carros mais em conta à venda no Brasil? Depois de ter passado alguns dias com o carro ficou mais claro que o carrinho tem suas limitações e que não vai “nadar de braçada” na briga com rivais. No caso deste comparativo com o Fiat Mobi, a disputa foi bastante acirrada, mas a novidade acaba saindo com uma vitória apertada.
Com preço sugerido de R$ 39.990, o Renault Kwid Intense é o mais equipado da linha. Entre outros itens, vem com prático e eficiente sistema multimídia Media NAV, câmera de ré, conjunto elétrico (travas, espelhos e vidros dianteiros), abertura do porta-malas por um botão no painel, além de itens que também estão em outras versões mais em conta, como quatro air bags, ancoragem para cadeirinhas infantis (ISOFIX), direção com assistência elétrica e ar-condicionado.
O Fiat Mobi Drive parte de R$ 41.260, valor que não inclui nenhum sistema de som. Ao incluir o rádio Connect, que funciona bem, mas não é uma central multimídia, o preço sobe para R$ 42.777. Se optar pelo interessante LiveOn, que transforma o celular em uma central multimídia, o carro passa a sair por R$ 42.931. Por esse valor, a lista de equipamentos vem com alguns itens que o Renault não tem e que acabam fazendo falta no dia a dia, como volante com regulagem de altura e com os principais comandos do som.
Portanto, apesar de ser um pouco mais em conta, fica claro que o Kwid é um carro de concepção ainda mais simples que o Mobi. Tudo no Renault foi pensado para custar o mínimo possível. Daí os pequenos botões dos vidros no painel (enquanto que o ideal seria estarem nas portas) e a falta de comandos no volante (que não tem regulagem de altura, assim como o banco do motorista). O nível de acabamento do Kwid é simplório, mas aceitável. E o carro acaba ficando ligeiramente na frente do Mobi quando o assunto é interior apenas por causa do espaço um pouco maior, tanto para quem vai sentado no banco traseiro quanto no porta-malas de 290 litros, ante míseros 215 litros do Fiat.
A economia de fiação no Kwid também deixou os comandos dos retrovisores em posição incômoda, dessa vez no lado esquerdo do painel, embaixo da saída de ventilação, enquanto que no Mobi os botões estão na porta do motorista, o que garante acesso mais fácil. No Renault, porém, há um grande porta-objetos na frente da alavanca de câmbio e o porta-luvas de 5 litros é bem mais espaçoso, ou seja, solução de baixo custo e que acaba sendo útil no dia a dia. Entretanto, no Kwid, faltou um melhor isolamento, tanto de ruído quanto do calor gerado pelo conjunto mecânico.
Vocação para rodar na cidade
A Renault fez questão de associar a imagem de um SUV ao Kwid, mas é bom que se saiba que o carro sofre um bocado na estrada com ventos laterais, mostrando certa instabilidade, pelo o que notamos rodando a cerca de 100 km/h em uma das principais rodovias de São Paulo. Por isso, é bom redobrar a atenção se for viajar com o carrinho que fica mais à vontade em trechos urbanos, onde a combinação de leveza (pesa apenas 786 kg), pneus estreitos (165/70R 14) e bom vão livre do solo (18 cm), bem como os ângulos de entrada (24°) e saída (40°) passam a ser aliados para enfrentar obstáculos como valetas e lombadas com economia de combustível.
O Mobi não é um exemplo de carro estável, mas não balança tanto quanto o Kwid na estrada. Porém, na cidade, não se sai tão bem quanto o rival, inclusive na questão do consumo. Com apenas gasolina no tanque, de acordo com o Inmetro, o Renault faz 14,9 km/l, ante 13,7 km/l do Fiat. Com etanol, a vantagem do modelo da marca francesa continua, como 10,9 km/l contra 9,6 km/l do rival. Como estamos falando de subcompactos, apesar da instabilidade do Kwid em trechos rodoviários, o que pesa mais é a sua melhor eficiência nos percursos urbanos
Por ser bastante leve, o Renault mostra boa agilidade no vai e vem pela cidade. Tem relação entre peso e potência de 11,2 kg/cv, ante 12,3 kg/cv do Fiat, o que favorece as retomadas e acelerações, bem como o câmbio de cinco marchas, com relações bem escalonadas (e melhor trambulação que na dupla Sandero/Logan).
A direção com assistência elétrica (importada da Índia) é leve e facilita as manobras. No Mobi, a direção também merece elogios, assim como a melhor desteza em contornar curvas de qualquer tipo, seja pelos pneus mais largos e de perfil um pouco mais baixo (175/65R14), ou por estar mais próximo do chão (15,6 cm). Além disso, de acordo com os números dos fabricantes, o Fiat anda mais. Consegue atingir 164 km/h e faz de 0 a 100 km/h em 12 segundos, ante 156 km/l e 14,7 segundos, respectivamente, do Kwid.
Ambos vêm com motor 1.0, de três cilindros e câmbio manual de cinco marchas. No Renault, porém, ainda existe o tanque auxiliar para a partida a frio e apenas um comando de válvulas, sem variador de fase. São 70 cv e 9,8 kgfm a 4.250 rpm de torque máximo. E no Fiat, em vez de quatro válvulas por cilindro, há apenas duas, o que acaba facilitando a gerar força em rotações mais baixas. De fato, são 77 cv e 10,9 kgfm a 3.250 rpm.
Os sinais de simplicidade extrema estão por toda parte no Kwid. Se chover, o limpador é único, com articulação parecida com a do Toyota Etios, que mantém a palheta na posição mais vertical possível durante a varredura. Na unidade avaliada, funcionou razoavelmente bem, com um pouco de ruído. E o quadro de instrumentos mostra só o essencial. No Mobi, existem mais informacões exibidas, já que há uma tela de TFT que pode servir como velocímetro digital e informar, inclusive, a data, hora e temperatura externa.
Na questão custos, item importante em se tratando de carros de baixo custo, o valor gasto nas revisões da até os 50 mil quilômetros do Renault é ligeiramente menor que no Fiat (R$ 2.112, ante R$ 2.284). Entretanto, a apólice de seguro do Kwid, é um pouco mais cara (a menor cotação ficou em R$ 1.830, ante R$ 1.622 do Mobi) adotando um perfil padrão: homem de 35 anos, casado, sem filhos, com garagem em casa e no trabalho e que está contratando o seguro pela primeira vez. Conclusão
Pelo maior espaço, ser mais econômico na cidade, conseguir enfrentar melhor obstáculos urbanos e, além disso, custar um pouco menos, o Renault Kwid sai com uma vitória apertada diante do rival Fiat Mobi. Mas é bom não esquecer que o modelo da marca francesa tem concepção ainda mais simples que o rival e mostra claros sinais de instabilidade na estrada com ventos laterais, portanto é bom ter cautela ao viajar com o carrinho, que também não se sente tão à vontade nas curvas.
Ficha Técnica - Fiat Mobi Drive 1.0
Preço: a partir de R$ 41.200
Motor: 1.0, três cilindros, flex
Potência: 77 cv (E) / 72 cv (G) a 6.250 rpm
Torque: 10,9 kgfm (E) / 10,4 kgfm (G) a 3.250 rpm
Transmissão: manual, cinco marchas , tração dianteira
Suspensão: Independente, McPherson (dianteira) / Eixo de torção (traseira)
Freios: Discos ventilados (dianteiros) / tambores (traseiros)
Pneus: 175/65 R14
Dimensões: 3,57 m (comprimento) / 1,63 m (largura) / 1,50 m (altura), 2,30 m (entre-eixos)
Tanque: 47 litros
Porta-malas: 215 litros
Consumo etanol: 9,6 km/l (cidade) / 11,3 km/l (estrada)
Consumo gasolina: 13,7 km/l (cidade) / 16,1 km/l (estrada)
0 a 100 km/h: 13,4 segundos
Velocidade máxima: 162 km/h
Ficha Técnica - Renault Kwid Intense 1.0
Preço: R$ 39.990
Motor: 1.0, três cilindros, flex
Potência: 70 cv (E) / 66 cv (G) a 5.500 rpm
Torque: 9,8 kgfm (E) / 9,4 kgfm (G) a 4.250 rpm
Transmissão: Manual, cinco marchas, tração dianteira
Suspensão: Independente, McPherson (dianteira) / Eixo de torção (traseira)
Freios: Discos ventilados (dianteiros) / Tambores (traseiros)
Pneus: 165/70 R14
Dimensões: 3,68 m (comprimento) / 1,58 m (largura) / 1,47 m (altura), 2,42 m (entre-eixos)
Tanque: 38 litros
Porta-malas: 290 litros
Consumo etanol: 10,3 km/l (cidade) / 10,8 km/l (estrada)
Consumo gasolina: 14,9 km/l (cidade) / 15,6 km/l (estrada)
0 a 100 km/h: 14,7 segundos
Velocidade máxima: 156 km/h