Reuters/PCS
ImprimirO Ministério Público Federal no Rio de Janeiro propôs uma ação de improbidade administrativa contra o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, e pede seu afastamento do cargo por 90 dias.
Para a Procuradoria, Vasques praticou atos dolosos à administração pública ao usar a instituição policial e o cargo público para fazer campanha eleitoral em favor do presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputava a reeleição no pleito de outubro mas foi derrotado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo o MPF, houve uso indevido do cargo, com desvio de finalidade, “bem como de símbolos e imagem da instituição policial com o objetivo de favorecer um dos candidatos nas eleições presidenciais”.
Procurada pela Reuters, a PRF não atendeu a pedido de comentários.
A ação foi proposta pelo procurador da República Eduardo Benones.
O MPF no Rio de Janeiro cita que o diretor-geral da PRF desde o começo da campanha fez postagens em redes sociais com mensagens de cunho eleitoral e, no dia 29 de outubro de 2022, véspera do segundo turno das eleições, pediu voto para o candidato Bolsonaro.
Para o MPF, os atos já seriam extremamente graves se tivessem se restringido ao âmbito interno da Polícia Rodoviária Federal, em vista dos poderes administrativos e hierárquicos exercidos pelo diretor-geral.
“Não é possível dissociar que as condutas do requerido, especialmente na véspera do pleito eleitoral, tenham contribuído sobremodo para o clima de instabilidade e confronto instaurado durante o deslocamento de eleitores no dia do segundo turno das eleições e após a divulgação oficial do resultado pelo TSE”, diz o MPF.
A votação de segundo turno foi marcada por operações da PRF, que realizou a abordagem de centenas de transportes públicos para eleitores no domingo mesmo após a proibição do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no dia anterior.
Em meio a protestos de apoiadores de Bolsonaro em rodovias do país que se seguiram à derrota do presidente nas eleições, a PRF foi criticada por demorar a desobstruir as vias, mesmo após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, ter determinado a liberação imediata das estradas.