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ImprimirA intenção poderia até ser a de construir uma calçada acessível, mas, o que se vê no Parque dos Poderes é um local totalmente intransitável e inacessível a pessoas com deficiência. Segundo a equipe da prefeitura, que ficou responsável pela obra, a intenção foi preservar as árvores, mas, segundo opinião do engenheiro Marco Aurélio Candia Braga, normas técnicas foram negligenciadas. A regra, segundo ele, é: “primeiro as pessoas, depois as árvores”.
A calçada em questão fica na Rua Delegado Osmar de Camargo, no Jardim Veraneio, onde está o prédio da Academia de Polícia Civil de Mato Grosso do Sul.
A reportagem do Portal Correio do Estado foi até o local na manhã desta sexta-feira e conversou com o engenheiro responsável pela obra. Carlos Augusto, da Equipe Engenharia Ltda, disse que, a intenção foi preservar as árvores. “Se a Prefeitura achar que a gente tem que arrancar a gente arranca e faz de novo”, declarou.
Ele disse ainda que, o problema poderia ser maior com a retirada da vegetação por se tratar de uma área de preservação, como é a do Parque dos Poderes. “Quando a gente puder desviar, a gente desvia [das árvores]. A ideia é não mexer e tentar não arrancar nenhuma árvore”, finalizou.
Para o engenheiro Marco Aurélio, que foi integrante da Comissão Temática Acessibilidade e Equipamentos do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), entre 2015 e 2016, o caso em questão é “indiscutível”. “Está errado”, declarou ele, citando a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência e as normas aprovadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). “Não há o que discutir”, reforçou ele.
A coordenadora do Instituto sul-mato-grossense para cegos (Ismac), Telma Nantes, completou que, “a busca por acessibilidade é uma constante. Isso demonstra um certo descaso e existem normas técnicas da Abnt para fazer”, finalizou.
CRÍTICAS
O caso chamou atenção dos internautas e virou alvo de críticas na internet. Alguns citaram a preocupação em preservar as árvores enquanto outros perceberam a inadequação da obra. Na página do Facebook, “Passeando em Campo Grande”, por exemplo, Rafael Ribeiro Mendes comentou, “Só pode ser montagem isso. Não é possível que isso seja em Campo Grande”.
Opinião semelhante foi dada por Milena Amorim. “Coisa de gente sem consideração. Não pensam na acessibilidade”, declarou.
MULTAS
No mês passado, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Gestão Urbana (Semadur) publicou no Diário Oficial de Campo Grande (Diogrande) uma série de notificações contra proprietários de residências e estabelecimentos comerciais que estavam descumprindo as normas de acessibilidade. Na ocasião, eles informaram que, em 2017, a Semadur, expediu 1.726 notificações relacionadas a irregularidades nas calçadas. Desse total, 483 foram relacionadas à acessibilidade e rampa.
Neste ano, até a primeira quinzena de abril, foram expedidas 638 notificações. Deste total, 38 foram relacionadas à acessibilidade e rampa. (Colaborou Bruna Aquino)
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Prefeitura sobre o assunto, mas, não teve resposta até o fechamento da matéria.