MMN/PCS
ImprimirUma reunião entre pecuaristas produtores de gado e um representante do frigorífico Golden Imex, em Paranaíba, a 471 quilômetros de Coxim, na manhã desta quinta-feira (24), terminou sem qualquer tipo de acordo em relação à dívida de cerca de R$ 20 milhões em atraso que a empresa tem com seus credores.
O frigorífico está sendo motivo de uma grande polêmica na cidade desde que começou a circular a informação no fim da semana passada de que iria fechar as portas. A suspeita de fechamento ficou maior ainda quando mais de 300 funcionários receberam aviso prévio, além do abate e compra serem paralisados totalmente. A Justiça, logo em seguida, ainda apreendeu os bens da empresa.
Até a reunião de hoje, todos na cidade, inclusive a administração municipal, achavam que de fato o frigorífico tinha encerrado suas atividades de vez. Porém, o advogado Diego Natanael Vicente, representante do dono, Mohsen Amerian, que se deslocou de São Paulo para Paranaíba, disse que 70 funcionários do administrativo continuam no prédio e ele próprio está dando expediente nas instalações do Golden Imex. Além disso, o representante alega que a intenção da empresa é voltar a abater a partir da próxima semana.
“Na segunda vamos estar implementando o retorno. Nunca foi anunciado fechamento. O setor administrativo, que faz a venda, continua funcionando”, justificou Diego.
Proposta para pagar dívida
A proposta para saldar os mais de R$ 20 milhões em dívida com 120 produtores rurais foi de parcelar o pagamento entre 20 e 30 vezes dependendo do caso. A partir daí, a empresa revogaria os avisos prévios, continuaria com os funcionários virtualmente demitidos e voltaria a comprar e abater o gado.
A proposta, no entanto, foi recebida com revolta por produtores, representantes deles, e pelo prefeito Maycol Queiroz (PDT), que mediou a reunião.
“(A proposta) péssima, chula, de maneira cretina. Os donos estão em São Paulo com medo de ameaça. Cada fazendeiro vai procurar seu advogado de forma individual. Acho muito difícil voltar a abater boi. Mandar um advogado aqui e achar que os fazendeiros são palhaços”, disse o prefeito em duras palavras.
A veemência também foi reproduzida por Fabio Macedo, presidente do Sindicato Rural de Paranaíba. “Tenho que medir as palavras. Pra mim foi uma proposta indecente, eles não podem fazer um negócio desse. Você combinar um prazo de 30 dias e apresentar o pagamento de uma conta em atraso em 20 vezes, sem garantia, isso é desrespeitar o produtor rural. E falar que quer voltar a abater gado”, ironizou.
Mais condições
O advogado Diego ainda pediu para que o município aumentasse os benefícios fiscais para que houvesse melhores condições de funcionamento. “O frigorífico fechado não é bom para ninguém aqui na cidade”.
A isenção, que passaria de 35% para 50%, bem como outros benefícios até podem ser concedidos, segundo o prefeito, mas primeiro ele quer uma garantia da empresa de que os produtores vão receber suas dívidas à vista, bem como um compromisso para também pagamento à vista a partir da reativação.
“Vamos dar 50% de incentivo fiscal desde que eles paguem a dívida à vista. Tem também o asfalto da estrada que dá acesso ao frigorífico que nos comprometemos a fazer, o dinheiro já está até em caixa, mas preciso dessas garantias”. Dívida milionária e bens apreendidos
O frigorífico Golden Imex fechou as portas nesta sexta-feira (18), em Paranaíba, demitiu cerca de 350 funcionários e ficou devendo mais de R$ 20 milhões a pecuaristas da região.
Em relação aos trabalhadores, segundo a advogada Cintia Regina, foi dado aviso prévio aos funcionários, porém ainda não foram feitas as rescisões e, até o momento, nenhum funcionário recebeu. Ainda não foi informado o valor que deverá ser pago aos trabalhadores.
Em relação aos produtores, o valor da dívida pode ser superior a R$ 20 milhões. Atualmente, o Golden Imex abatia aproximadamente 300 cabeças de gado ao dia.
Por ordem judicial cumprida neste sábado (19), os donos do frigorífico não podem tirar nada de duas instalações. O advogado dos fazendeiros, Fredson Freitas da Costa, entrou com medida cautelar de arresto, que foi acatado pela Justiça. Com isso, houve a apreensão dos bens do devedor para assegurar o pagamento das despesas da empresa.