CGNews/PCS
ImprimirA Polícia Civil do Rio de Janeiro confirmou ao Campo Grande News que encontrou telefones de crianças e adolescentes menores que 16 anos de Mato Grosso do Sul em celulares apreendidos durante operação desencadeada na última terça-feira (18) em oito estados contra o jogo da Baleia Azul, uma corrente virtual que induz ao suicídio e auto-fragelação. As investigações duraram três meses e continuam para localizar mais autores.
Ao todo, 24 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Amazonas, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe. Mais de 50 celulares e computadores foram apreendidos, em 20 municípios diferentes.
Um jovem de 23 anos, Matheus Silva, preso em Nova Iguaçu (RJ), confessou ser o ‘curador’ principal de uma das correntes criadas. ‘Curador’ é o responsável por impor os desafios de tortura física e psicológica, sempre sob intensas ameaças.
Segundo a polícia do Rio, números de telefone com o DDD 67, de nosso Estado, apareciam em grupos criados pelos ‘curadores’ para impor os desafios macabros Às crianças e adolescentes.
A polícia, contudo, confirma apenas que esses telefones seriam de potenciais vítimas, não de responsáveis pelo jogo. Por questões de segurança, o órgão não revelou a quantidade de telefones do Estado encontrado, a cidade deles ou qualquer indício de seus perfis.
“Trata-se de crimes em que necessitamos preservar e proteger as crianças”, disse a delegada Fernanda Fernandes, da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática do Rio de Janeiro.
Há indícios, no entanto, que o grupo, apesar do aliciamento, não tenha ferido jovens no Estado. Na coletiva realizada no dia da operação, a polícia fluminense destacou que foram identificados crianças e adolescentes feridos por conta do bando no próprio Rio, além do vizinho Mato Grosso e também no Pará.
“São ameaças fortes para a cabeça infantil, que envolvem dizer que os pais serão mortos e coisas do tipo. Algumas vítimas estavam muito marcadas quando nós as encontramos”, disse a delegada Daniela Terra, uma das responsáveis pela investigação.
O delegado Paulo Lauretto, titular da Depca (Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente), que investiga o Baleia Azul no Estado, disse que não havia sido comunicado pela polícia do Rio sobre o encontro dos telefones.
Segundo a Safernet (associação que combate violação de direitos humanos na internet), o jogo surgiu de uma notícia falsa na Rússia que se espalhou a partir de 2015.
Em Mato Grosso do Sul, a corrente veio à tona justamente em abril, depois que professores de Ponta Porã (a 323 km de Campo Grande) tiveram acesso a uma mensagem com ameaça de envenenamento a crianças de três colégios particulares locais. O caso foi parar no 1ª DP da cidade, onde foi registrado boletim de ocorrência e o inquérito segue em aberto.
No Brasil, dois casos estão sendo investigados com possibilidade de relação ao game da morte. Um deles é no município de Pará de Minas, em Minas gerais, com o falecimento do jovem Gabriel Antônio dos Santos Cabral, de 19 anos, que sofria de depressão. A família informou que ele estava tentando deixar o grupo da internet, mas que vinha sendo muito pressionado.
Outro caso ocorreu em Vila Rica, no Mato Grosso, onde o corpo da adolescente Maria de Fátima da Silva Oliveira, de 16 anos, que também estaria com sintomas de depressão, foi encontrado dentro de uma represa.
As recomendações para as famílias são: monitorar o uso da internet, frequentar as redes sociais dos filhos, observar comportamentos estranhos e, sobretudo, conversar e conscientizar os adolescentes a respeito das consequências de práticas que nada têm de brincadeira. Atenção redobrada com os jovens que apresentem tendência a depressão, pois eles costumam ser especialmente atraídos por jogos como o da Baleia Azul.