G1-MS/LD
ImprimirA explosão é tamanha que deixa o prédio em ruínas. Armamentos pesados, dinamites e grupos de bandidos. Da madrugada ao amanhecer, resta o medo, sensação de impunidade e a certeza que o transtorno será grande, sem a única agência bancária da cidade. É justamente o que ocorreu em Pedro Gomes, desde a última ação criminosa em novembro de 2016. Após quase 2 anos, comerciantes ainda amargam prejuízos e falam da queda de até 50% nas vendas.
"O transtorno é muito grande, chega a ser incalculável. Eu estava agorinha calculando o prejuízo, de várias vezes ao mês, ter que ir no município ao lado para tratar desta parte burocrática. Minha soma é de mais de R$ 1 mil somente em combustível. Outro problema pior é que a gente dá emprego aqui e as pessoas, moradoras de Pedro Gomes, também vão lá sacar dinheiro e lá mesmo gastam grande parte dele. As vendas caíram pela metade ou mais", comentou ao G1 o empresário José Queiroz, de 53 anos, que possui uma loja de autopeças.
Ainda conforme Queiroz, outro problema é que as pessoas contam somente com uma casa lotérica e uma agência dos Correios. "Muitas vezes usamos os horários do almoço para pagar contas e a fila tem de 80 a 100 pessoas. A gente perde um tempo enorme e, muitas vezes, não consegue fazer nada", explicou o empresário.
Para a população, existe ainda a queixa sobre a falta de investimentos na segurança pública, já que muitos ladrões acabam escolhendo cidades do interior como alvo. Alguns são presos, identificados e existem até aqueles que morrem durante confrontos, conforme explicou o delegado Fábio Peró, da Delegacia Especializada de Repressão à Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros (Garras). "No caso de explosões, tivemos cinco casos no estado desde o ocorrido em Pedro Gomes", falou.
Duas vendedoras da cidade, que preferem não se identificar, disseram que é comum ver os antigos clientes viajando para a cidade vizinha. "Não tem muito dinheiro na cidade e as pessoas, que antes vinham comprar aqui, vão de carona em grupos e gastam tudo por lá mesmo. O transtorno é muito grande. Nós ficamos aqui, acompanhando e aguardando o fim da reforma", comentaram.
Lojas vazias
A lojista Custódia Ribeiro de Oliveira, de 21 anos, conta que as vendas também caíram pela metade. "Se a gente vende no cheque tem que depositar lá e esperar para receber. No caso do cartão, tem taxa. O pessoal então vai lá e acaba fazendo comprar, até por ser algumas coisas mais baratas. A cidade inteira sofreu com isso, as lojas foram ficando vazias as poucos. Todo mundo espera que o banco volte a funcionar o mais rápido possível", comentou.
A caixa de uma loja de produtos agropecuários, Ângela da Silva, de 26 anos, fala que algumas vendas precisaram ser feitas na "base da confiança". "O pessoal vai lá sacar e tem pouco dinheiro. O Correios libera pouco e, com isso, tivemos de aceitar fiado. Muita gente chega reclamando, precisa do produto, aí não tem jeito", finalizou.
Grande tremor
Em novembro de 2016, quando houve o assalto da agência bancária, moradores ficaram chocados. "Tanto o meu comércio como a minha casa ficam bem próximos do banco. Eu lembro que, quando acordei, parecia que a cama estava tremendo. Nós passamos por momentos de muito medo. Antes, tiveram outras ocasiões. Muita gente caiu no chão quando os bandidos passavam perto", relembrou Queiroz.
Entenda o caso
Os homens invadiram o local por volta das 4h (de MS), na madrugada do dia 10. Eles explodiram caixas eletrônicos, segundo informações da Polícia Civil. O Corpo de Bombeiros foi chamado para apagar o fogo provocado pelas explosões. A invasão ocorreu pela lateral e o banco ficou totalmente destruído depois da ação. O montante de dinheiro levado não foi divulgado. Anterior a este fato, o local já havia sofrido 3 assaltos, inclusive com caso de sequestro.
A reportagem entrou em contato com o Banco do Brasil, onde ocorreu o fato e aguarda retorno sobre a previsão da retomada do atendimento.