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Polícia
13/07/2023 07:57:00
Irmã de traficante que fugiu da PF tem 'brechó de luxo' nas redes sociais

G1MS/LD

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Relógio da Gucci, bolsa da Chanel, tamanco da Hermès, echarpe da Louis Vuitton e óculos da Dior. Todos estes itens de luxo estão à venda no "desapego da nega", espécie de brechó de luxo nas redes sociais de Cecyzinha Mota, irmã de um dos maiores traficantes do país, que escapou de uma operação da Polícia Federal na semana passada.

Cecy Mota, ou Cecyzinha como é conhecida, é irmã de "Dom", Antônio Joaquim Mota, que controla parte do tráfico de drogas na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. Cecyzinha, e a mãe Cecy Mota, são investigadas por lavagem de dinheiro para a organização criminosa da família: o "Clã Mota".

Nas redes sociais, Cecy mantém publicações em uma página que chama de "desapego da nega". Na descrição, a irmã do traficante se apresenta:

"Trabalhar nunca foi vergonha para ninguém. Tudo posso naquele que me fortalece! Peças originais 🙏".

Em uma das publicações, uma echarpe da marca francesa Louis Vuitton foi oferecida. "Para corações gelados um pouco de calor neste inverno!! Echarpe LV impecável disponível!".

A primeira postagem foi publicada nas redes sociais em 2021. A mais recente, a da echarpe da Louis Vuitton, foi postada nessa terça-feira. Um óculos da marca Dior foi publicado e oferecido para "desapego" por R$ 1,2 mil. Um tamanco da Hermès custa R$ 5 mil no "brechó de luxo" de Cecyzinha.

Quem é a família Mota?

Família começou com contrabando de café na década de 1970, depois armas, cocaína, segundo um jornalista paraguaio. Antônio Joaquim Mota controla parte do tráfico na fronteira entre o Brasil e o Paraguai.

Clã Mota: Dom é o filho mais velho; a irmã, Cecyzinha Mota, e a mãe Cecy Mota, ambas investigadas por lavagem de dinheiro. E o pai, Antonio Joaquim da Mota, o Tonho.

As autoridades afirmam que Dom, o filho, e o pai, o Tonho, controlam parte do narcotráfico na fronteira entre Pedro Juan Caballero, no Paraguai, e Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul. As duas cidades são separadas apenas por uma avenida.

"A região Ponta Porã e Pedro Juan ela tem uma relevância histórica. Se você for olhar a história do tráfico, se os grandes traficantes, os grandes nomes, se não eram da região, eles passaram por ali. Você consegue observar, olhando em documentos históricos ou de operações, que existem sucessões familiares ali”, destaca Alexandre Parise, procurador da República em Ponta Porã (MS).

A história da família Mota na fronteira começou nos anos 1970. O repórter paraguaio Cândido Figueiredo cobriu o narcortráfico na região por 25 anos.

“O Motinha é a terceira geração de uma família que se enriqueceu com um narcotráfico. Os Motas são pessoas muito, muito bem conhecida na fronteira. Nos anos 70 chegou o patriarca da família - o baiano Joaquinzinho da Mota”, relata Cândido Figueiredo, jornalista.

Fuga e ligação com barões do tráfico

O Ministério Público Federal (MPF) enviou denúncia a Justiça que detalhou a relação de Antônio Joaquim Mendes Gonçalves da Mota, conhecido como “Motinha” ou “Dom”, com dois dos mais poderosos narcotraficantes de drogas atuantes na linha de fronteira entre Brasil e Paraguai.

Só neste ano, Motinha escapou duas vezes de tentativas de captura das autoridades de segurança, a última vez foi no começo deste mês.

Conforme os dados da operação “Helix”, da Polícia Federal, há pelo menos 8 anos existe um consórcio do “Clã Mota” junto de nomes como Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, o “Minotauro” e o braço direito dele, Caio Bernasconi Braga, o “Fantasma da Fronteira”.

Para a PF, o Clã Mota constituiu organização criminosa que movimentou toneladas de cocaína do Paraguai para portos brasileiros, através das rotas do tráfico de Mato Grosso do Sul e depois para a Europa.

A organização chefiada pelos traficantes envolvia o “emprego de armas de fogo, contava com a ajuda de funcionários públicos e mantinha conexão com outras organizações criminosas”, conforme aponta denúncia do MPF.

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