Sheila Forato
ImprimirO MPE (Ministério Público Estadual) vai tentar anular a decisão do tribunal do júri no primeiro caso de feminicídio julgado em Coxim. O promotor de Justiça, Rodrigo Cintra, vai recorrer ao TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) por entender que a decisão dos jurados foi contrária às provas apresentadas contra Ademir Bispo Ferreira.
Por maioria, o conselho de sentença, composto por seis mulheres e um homem, entendeu que Ferreira não teve a intenção de matar Cristiane Silva Gonçalves, em março do ano passado, num motel de Coxim. Depois de matar por esganadura a mulher com quem mantinha uma relação amorosa ele a vestiu e desovou seu corpo no bairro Nova Coxim.
A defesa adotou a linha de que a vítima era muito agressiva e apertar seu pescoço era a única forma de acalmá-la. Em resumo, com esse argumento, os advogados conseguiram convencer a maioria dos jurados de que a intenção não era matar, contrariando até mesmo mensagens com ameaças de morte enviadas por Ferreira à Cristiane.
O autor entrou no julgamento sendo acusado de homicídio duplamente qualificado e deixou sendo condenado por homicídio culposo. Nesta quinta-feira (7) a Justiça terá de expedir o alvará de soltura e Ferreira vai deixar o Estabelecimento Penal Masculino de Coxim para cumprir sua pena de três anos em regime aberto. Caso o MPE consiga anular o julgamento, o autor será submetido a um novo tribunal do júri, novamente em Coxim.
A decisão causou revolta em familiares de Cristiane. A mãe e a filha da vítima chegaram a passar mal quando ouviram o resultado. Nas redes sociais não tem sido diferente. Muitas pessoas, indignadas, se manifestam pela banalização do crime. Leitores do Edição MS tem enfatizado que a decisão é uma derrota para a sociedade, principalmente para as mulheres e abre um precedente para matar.