FP/PCS
ImprimirA ofensiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para tentar ganhar a eleição de outubro já no primeiro turno, que envolveu a atração de dois apoios às vésperas do início da campanha oficial, até agora não surtiu efeito.
Segundo a nova pesquisa do Datafolha, realizada de terça (16) a quinta (18), Lula tem hoje 51% dos votos válidos, antes 35% de seu oponente mais bem colocado, o presidente Jair Bolsonaro (PL). Na rodada anterior, no fim de julho, Lula tinha 52%.
A margem de erro dos levantamentos é de dois pontos para mais ou menos, então o petista pode ter mais confortáveis 53% e celebrar a atração dos pontinhos que André Janones (Avante) somava, sempre em torno de 2%. Mas também poderia ter hoje 49%, ficando dependente de um segundo turno.
O deputado mineiro desistiu para apoiar Lula. O Pros, que não pontuava com Pablo Marçal, também fez isso, mas a decisão final do imbróglio interno do partido sobre ter candidato será decidido pela Justiça.
Ciro Gomes (PDT), o terceiro colocado, tem 8% dos válidos. O instituto ouviu 5.744 eleitores em 281 cidades de terça (16) e esta quinta (18). A pesquisa, contratada pela Rede Globo e pela Folha de S.Paulo, foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número BR-09404/2022.
Voto válido é a métrica adotada pela Justiça Eleitoral para contabilizar o resultado final das eleições, e exclui os brancos e nulos. É declarado vencedor sem necessidade de um segundo turno qualquer candidato que ultrapasse em um voto a barreira dos 50% do eleitorado.
A margem estreita tem deixado petistas em alerta, cientes de que a ida de Bolsonaro para o segundo turno poderá mobilizar sua militância e ver ampliados os efeitos do pacote bilionário de bondades para os menos favorecidos e das reduções de preço de combustíveis.
Com a modorrenta situação de Ciro e de Simone Tebet (MDB) nos escalões inferiores da disputa, haverá também uma pressão adicional sobre essas candidaturas: como ambas se posicionam como independentes, mas mais hostis a Bolsonaro em termos de perfil de eleitorado, o risco do discurso de voto útil em Lula contra o presidente deverá subir.
Sinal claro disso é a operação de marketing da equipe lulista para amainar a imagem à esquerda naturalmente associada ao eleitor, buscando retirar a cor vermelha da preponderância nos materiais de campanha e destacando a presença do ex-tucano Geraldo Alckmin (PSB) na vice da chapa.