Exame/PCS
ImprimirEm um mercado mais competitivo, o consumidor fica mais exigente. O mesmo acontece com o setor automotivo, que despencou 33,42% em vendas de novos veículos em outubro.
O consumidor optou pelos carros mais novos e modernos em cada categoria de preço, segundo analistas ouvidos por EXAME.com. O Ônix, da GM, alcançou a liderança, e as vendas do HR-V e do Renegade sobem mês a mês.
Com a crise, o consumidor de baixa renda, mais sensível a preço e dependente de financiamento deixou o mercado, afirmaram analistas. “Mesmo assim, o setor diminuiu, mas não desapareceu”, disse Letícia Costa, diretora do Insper e especialista em mercado automotivo.
Aqueles que mantiveram sua intenção de comprar um veículo novo este ano foram mais exigentes e escolheram os melhores produtos disponíveis.
“O brasileiro tem uma relação social com o carro, por isso a novidade atrai”, diz David Wong, diretor da consultoria A.T. Kearney e especializado na indústria automobilística. No entanto, é muito caro realizar mudanças significativas e, por isso, as montadoras optam por fazer pequenas alterações estéticas a cada ano.
No entanto, algumas empresas investiram pesado, há alguns anos, para conseguirem modernizar os seus modelos, trazer novas opções ao Brasil ou até abrir uma fábrica por aqui, como é o caso da Jeep, que começou a produzir o Renegade em fevereiro deste ano no Brasil.
Carros de entrada
Por mais de 30 anos, o carro preferido dos brasileiros foi o Gol. Isso mudou no ano passado, quando o Palio tomou a liderança.
No entanto, a Fiat somava as vendas do Palio com as do Palio Fire, estratégia discutível, já que são carros distintos, na opinião de analistas.
Mesmo assim, não foi o suficiente para manter o primeiro lugar. Desde agosto, o carro mais vendido no Brasil é o Ônix, da GM, ocupando o lugar de seus concorrentes como carro de entrada.
No acumulado do ano, o Palio ainda tem vantagem sobre o Ônix, com 100.215 unidades vendidas contra 98.855.
Para Letícia Costa, o Palio e o Gol são produtos que envelheceram, aguardando a próxima renovação de linhas. “Entre as três maiores do mercado, a Volkswagen, GM e Fiat, a GM foi a que mais inovou”, diz ela.
Além disso, a Volkswagen, segundo Calmon, lançou o Up! na mesma faixa de preço do Gol, o que fez com que os carros concorressem entre si.
Para Fernando Calmon, engenheiro e colunista do setor, “a estratégia da GM foi correta. Ela concentrou a produção do ônix, ofereceu várias versões a preços adequados”. Além disso, ela tem feito um trabalho promocional e de marketing para ajudar as vendas desse produto.
A novidade atrativa
Em faixas de preço maiores, a novidade como maior atrativo é ainda mais evidenciada. Assim, o HR-V e o Renegade têm chamado a atenção do consumidor brasileiro.
O HR-V, da Honda, atrai por ser um produto inteiramente novo, afirma Wong. Na mesma faixa de preço do Tracker e da EcoSport, ele não é um SUV como os outros, diz.
Além disso, conta a seu favor a fama da Honda, tida como uma montadora de qualidade e de confiança, estável e de baixa manutenção, afirmaram analistas.
Já o Renegade começou a ser produzido pela Jeep no Brasil em fevereiro, na fábrica da Fiat Chrysler. Ele atrai pelo apelo mais jovem e esportivo.
Ainda que, em uma fábrica nova, a produção demore mais para chegar a todo vapor, o Renegade já é o 9º carro mais vendido no Brasil, com 5.623 novas unidades emplacadas em outubro, segundo levantamento da Fenabrave.
No entanto, "o mercado só irá se definir mesmo no ano que vem", diz Calmon.