Sheila Forato
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O semblante era o mesmo, de um homem sério, de sorriso tímido, mas que carregava um coração bondoso, que infelizmente já não bate mais. Marcão estava vestido num terno preto, coberto com a bandeira de Coxim. Foi a última imagem que familiares, colegas de trabalho e muitos amigos tiveram, por volta das 9h30 desta quarta-feira (10), quando seu caixão foi fechado, na Câmara Municipal de Coxim.
Para alguns ele era o investigador Antônio Marcos Roque da Silva, de 39 anos, para a comunidade coxinense apenas o Marcão. Um policial probo, cidadão exemplar, como bem definiu o prefeito Aluizio São José (PSB), ao lamentar a perda numa postagem em seu Facebook.
A morte precoce, de forma covarde, não mexeu apenas com Coxim, mas com todo Mato Grosso do Sul. Para a despedida de Marcão Coxim recebeu autoridades de várias cidades. A delegada Silvia Girardi, da regional de Aquidauana, praticamente atravessou o Estado para se despedir do colega. Eles trabalharam juntos em Coxim, por muitos anos.
A despedida ficava mais difícil depois de percorrer o plenário da Casa de Leis e se aproximar do caixão. De um lado a esposa, Jucilene, inconsolável, vivendo um dos piores momentos de sua vida. Do outro a mãe, dona Fátima, da mesma forma. Elas receberam muito carinho, ainda vão entender como Marcão era querido pela comunidade, talvez isso as acalente de alguma forma, mas, no momento, o que elas queriam era ter ele de volta. A gente também.
Coxim perde, Mato Grosso do Sul perde, a Justiça perde. Foi mensagem semelhante que o promotor do MPE (Ministério Público Estadual), Marcos André Sant´Ana Cardoso passou. Ele fez questão de enfatizar a viúva as qualidades profissionais de Marcão, a presteza e retidão com que serviu a Polícia Civil.
Ele sonhava com mais, queria ser delegado. Estudava para isso, viajava para fazer concursos, mas teve o sonho interrompido. Atuante no combate ao crime, o menino de Coxim, que cresceu e escolheu proteger a sociedade, deixa seu legado. “Para nós ficam os exemplos, de bom profissional, filho, marido e pai. Uma perda imensurável”, definiu Vladimir Ferreira (PT), presidente da Câmara de Coxim e amigo de Marcão.
Os filhos Maitê e Marquinhos brincavam do lado de fora quando o corpo do pai deixou o velório e seguiu em cortejo. Eles são muito pequenos, talvez ainda não tenham entendido o que está acontecendo, mas, com toda certeza, vão carregar boas lembranças do homem que tiveram de dividir com a sociedade.
O cortejo passou por diversas ruas de Coxim, inclusive em frente a delegacia Regional, que abriga o 1º Distrito Policial, a segunda casa de Marcão por mais de uma década. Ao subir a Virgínia Ferreira, com destino a sua última morada, o comércio parou. Todo mundo deu um jeitinho de sair para as calçadas e se despedir do cidadão ilustre, Antônio Marcos Roque da Silva.
No cemitério o som das sirenes das viaturas que acompanharam o cortejo foram substituídos por aplausos. Foi como se Coxim dissesse obrigado. Descanse em paz, Marcão...
