Sábado, 23 de Novembro de 2024
Ciência e Saúde
27/05/2021 10:37:00
“Dona Cila” coxinense perde a luta para o Coronavírus, mas deixa legado de amor e fé

Sheila Forato

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“Ó meu pai do céu, limpe tudo aí, vai chegar a rainha precisando dormir. Quando ela chegar tu me faça um favor dê um banto a ela, que ela me benze aonde eu for.” O trecho é da música Dona Cila, escrita e interpretada por Maria Gadu para homenagear sua vó, que hoje emprestamos para uma família coxinense, que perdeu Vó Diomara ou Vó Gomar, uma das benzedeiras mais antigas da cidade.

Foto: Arquivo Familiar

Diomara Rosa da Silva, de 93 anos, morreu na noite desta quarta-feira (27) em decorrência do Coronavírus (Covid-19). Ela ficou internada dois dias num leito clínico do Hospital Regional Álvaro Fontoura, em Coxim. Como ainda existe risco de contágio, não vai ter velório. O cortejo deixa o hospital às 13 horas e segue para o cemitério da Vila Bela, onde o corpo vai ser enterrado, seguindo todos os protocolos de segurança.

Vó Diomara teve 16 filhos e antes de partir se despediu de cinco. Os netos, bisnetos e taranetos de sangue somam 44, porém, eles passaram a vida tendo de dividir a vó com netos emprestados, que pediam a benção de Vó Diomara por onde ela passava. Os relatos, cheios de carinho, deixam claro que a bondade era a maior virtude que ela carregava.

Uma das netas, de sangue, Rosângela Jahn, a definiu como a mais generosa das avós. “A mais querida, a que cuidava de todos, a que dava um dinheirinho escondido na mão dos netos, a que não gostava de tapioca porque dizia que biju era melhor, a que benzia as criancinhas com quebrante, a mais correta, a que ensinou pelo exemplo. Sentiremos saudades e gratidão pelo carinho”, escreveu.

As palavras de quem é de sangue são endossadas por quem era emprestada, como a funcionária pública Adebrícia Borges Moura, de 35 anos. O filho está com 19 anos, mas, quando criança, era benzido por Vó Diomara, para cortar o medo, tirar quebrante e por aí vai. “Ela era muito querida, meu filho sempre pedia a bença, até mesmo depois de grande”, contou Adebrícia.

Vó Diomara é baiana, nasceu em Sussuarana, e se mudou para Coxim há mais de 40 anos. Aqui ela deixa um legado de amor e fé em Deus, que carimbou seu passaporte para o novo lar, no Reino Divino, limpinho e cheirando a alecrim. E nós, como forma de homenageá-la, deixamos a poesia de Maria Gadu, no vídeo abaixo:

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