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Esquema de fraudes em licitações na SED (Secretaria de Estado de Educação) durante a gestão do ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB) revelou participação ativa de Andréa Cristina Souza Lima, que ganhou cargo de confiança no órgão e agilizava os esquemas de corrupção, mediante recebimento de até R$ 50 mil de propina.
Toda a trama consta em relatório referente à operação Vox Veritatis (Voz da Verdade) a que o Jornal Midiamax teve acesso.
Conforme documentos publicados em Diários Oficiais e Portal da Transparência do governo de MS, Andréa era professora convocada, com salário de R$ 3.533,40, em 2014 — registro mais antigo disponibilizado pelo governo.
A guinada na carreira pública de Andrea ocorre a partir de 7 de abril de 2015, quando o então governador Reinaldo Azambuja nomeia a professora para exercer cargo de co. Ela passa a receber R$ 4.175,63 com a mudança.
Em janeiro de 2019, Reinaldo promove mais uma vez Andrea para cargo em direção superior, que aumenta o salário da servidora para R$ 6.900,01. Seis meses depois, Andrea ganha novo aumento e passa a ganhar R$ 8,5 mil.
No início de 2022, a servidora passa a responder pela coordenadoria de licitação e contratos. Justamente neste ano, ocorreram os crimes, segundo a PF (Polícia Federal).
Ela chegou a ser presa em novembro de 2023, quando o Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) deflagra a operação Turn Off, que revelou todo o esquema. Dias depois, é exonerada pelo governador Eduardo Riedel.
Quem orquestrava o esquema?
O grupo criminoso, segundo a PF, era formado por empresários, a servidora e o ex-adjunto da SED, veja quem é investigado na Vox Veritatis:
Edio Antônio Resende de Castro Bloch – ex-adjunto da SED
Andrea Cristina Souza Lima – ex-coordenadora de licitações e contratos da SED
Leonardo Primo de Araújo – empresário (Lamp;amp;L prestadora de serviço)
Marcelo Américo dos Reis – empresário (Hex Marketing)
De professora a servidora que recebia propina
Após ingressar meteoricamente em cargo de alta confiança no governo de Reinaldo Azambuja, Andrea passa a responder pela coordenadoria de contratos, um cargo estratégico para o esquema.
Conforme as investigações, o grupo agia maquiando procedimentos para a SED embarcar em ata de registro de preços, ou seja, pegar carona em procedimentos de outros órgãos como ocorreu com compra de 8,8 mil tablets que o governo Azambuja realizou com a empresa Agira Tecnologia, que ‘distribuiu’ R$ 596 mil em propina, que representa 5% do valor do contrato, de mais de R$ 11 milhões.
Então, os empresários enviavam para contatos na Educação falsos orçamentos, fazendo parecer mais vantajoso aderir a uma ata de registro de preços do que fazer uma licitação. Assim, ganhava quem eles queriam.
Nesse esquema, Andrea exercia papel crucial no grupo.
No relatório de investigação, a PF aponta que uma das conversas interceptadas entre os empresários Marcelo dos Reis e Leonardo Primo, o primeiro pede que o segundo ofereça R$ 50 mil de propina para a servidora.
O valor seria para a servidora agilizar a contratação, sem licitação, de compra de 6.720 placas-mãe e processadores para computadores, no valor de R$ 6,72 milhões, com orçamentos falsos arranjados pelos empresários.
Nessa compra, a PF conclui que “há fortes indícios de atuação criminosa da possível servidora que utiliza o contato ‘Andrea'”.
A PF insere, ainda, outra conversa na qual Andrea estaria cobrando do empresário Leonardo orçamentos para aquisição de computadores.
Por fim, ela manda ao empresário o empenho de compra de desktops, que resultou na contratação da empresa Bellagio Commerce Importação e Exportação (CNPJ nº 12990434/0001-65).
Então, a PF conclui que “Ao que tudo indica na conversa de Andrea com Leonardo, eles fraudaram o processo de adesão, pois articularam o envio de cotações de empresas parceiras para demonstrar a vantajosidade dessa contratação”.
Nenhum dos envolvidos se manifestou à reportagem. O espaço segue aberto e o texto poderá ser atualizado, caso haja posicionamentos.