O Jacaré/PCS
ImprimirEm pleno ano eleitoral, os moradores de Campo Grande foram sacudidos nos últimos meses com lançamento de pacotes de obras, com investimentos de R$ 180 milhões, mas que não saíram do papel. A situação é tão surreal, que até hospital inaugurado há quase dois meses não entrou em funcionamento.
Em 23 de agosto do ano passado, como parte das festividades do aniversário de Campo Grande, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e o prefeito Marquinhos Trad (PSD), com o apoio de Michel Temer (MDB), anunciaram a retomada das obras nas áreas de infraestrutura, educação e saúde.
No entanto, nove meses após a propaganda, o Correio do Estado mostra que o pacote de obras não saiu do papel. Os corredores do transporte coletivo, que devem ter investimentos de R$ 140 milhões, não foram nem licitados pelo município.
A única obra em andamento é o trecho tocado pelo Exército, contratado por Alcides Bernal (PP). Contudo, até este projeto foi retalhado e não será concluído no tempo previsto. Os militares só permanecem com um terço do projeto e só vão fazer o corredor nas ruas Guia Lopes e Brilhante.
Dois terços, que incluem as avenidas Bandeirantes e Gunter Hans, vão ser licitados e repassados para empreiteiras. A licitação ainda não foi lançada.
De acordo com o jornal, o Complexo Bálsamo, que está com 80% das obras concluídas desde 2012, não foi retomado. Aliás, a única novidade neste empreendimento foi o levantamento da Controladoria Geral da União, que apontou prejuízo de R$ 1,8 milhão e direcionamento na licitação.
A conclusão dos 12,5 quilômetros de avenida e 4,6 km de ciclovia não tem prazo porque depende do paralisado Governo de Temer, mais preocupado em se livrar das denúncias de corrupção.
De acordo com o Correio do Estado, seguem paradas as obras de pavimentação de bairros importantes, como Nova Lima, Mata do Jacinto e Atlântico Sul. Até os prédios dos centros de educação infantil seguem inacabados, como estavam há nove meses.
A única obra que começou a sair do papel foi a revitalização da Avenida Ernesto Geisel, que teve a extensão reduzida para menos de um terço e deverá custar R$ 57 milhões. A obra deve por fim às erosões que ameaçam a avenida entre as ruas Bom Sucesso e Santa Adélia. Inicialmente, a proposta era revitalizá-la até a Avenida Campestre, no Conjunto Aero Rancho.
O caso mais emblemático no atual momento é o Hospital do Trauma, inaugurado com pompa e festa no dia 25 de março deste ano. Na ocasião, o governador e o ministro da Saúde, Ricardo Barros, propagaram a obra, que tem o objetivo de desafogar a Santa Casa.
O hospital começou a ser construído em 1994 e só foi concluído após duas décadas. No entanto, segue sem funcionar, porque não se sabe da onde sairá o dinheiro para a sua manutenção. A Santa Casa só vai por paciente no local quando tiver a garantia do repasse mensal de R$ 6 milhões para garantir a sua manutenção.
Cerca de 60% das cirurgias realizadas atualmente pela Santa Casa são referentes a traumas e serão repassadas ao novo hospital. O funcionamento ainda está na promessa e segue sem previsão.
Em entrevista ao Campo Grande News na semana passada, o presidente da Associação Beneficente de Campo Grande, Esacheu Nascimento, contou que foi a Brasília em busca do dinheiro prometido pelo então ministro, que saiu para ser candidato no Paraná, mas o sucessor, Gilberto Ochi, informou que ainda está se inteirando da situação. Ele teria garantido o repasse, mas sem estimar o prazo para a liberação.
Como o cidadão reagirá diante deste cenário?
Mais exigente e na era das redes sociais, o eleitor, com certeza, deverá fazer distinção entre a campanha e a realidade nas eleições de outubro.